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Contribuição de Kardec para o autoconhecimento — Parte 2 de 3.
Transcrições

Contribuição de Kardec para o autoconhecimento — Parte 2 de 3.

Do método para a evolução espiritual na vida atual.

Por Cosme Massi.*

Transcrição** de Rui Gomes Carneiro.


Visando a obter informações sobre o conhecimento de si, Kardec formula duas questões, colocadas como as duas últimas do capítulo “A perfeição moral”, de O Livro dos Espíritos: abordaremos aqui os dois itens, o 919 e o 919-a.

Este capítulo é o último da terceira parte de O Livro dos Espíritos, na qual Kardec trata das leis morais. Estas leis fornecem as orientações de como o homem deve se comportar em relação a Deus, aos outros e a si mesmo; é obedecendo a essas leis que o homem constrói sua felicidade.

Kardec propõe dez leis morais, que alcançam todas as situações da vida e contém informações muito precisas e seguras que, se seguidas, possibilitarão uma vida em sociedade cada dia mais feliz. Kardec deixa claro que elas fornecem ao homem os elementos necessários para a conquista das virtudes e eliminação dos vícios morais.

Depois de apresentar as leis morais, que formam propriamente a teoria de conduta desejada do homem, Allan Kardec escreve esse capítulo “A perfeição moral”, ensinando a colocar em prática essas leis divinas. Ele apresenta as leis, e depois nos mostra como colocar em prática esses conhecimentos, como vivê-los.

Mas para desenvolver as virtudes e enfrentar os vícios existem técnicas, algumas ferramentas que vão ajudar o indivíduo a identificar os seus defeitos, as suas imperfeições, os seus vícios. Só assim ele poderá crescer e evoluir com a conquista das virtudes, tornando-se um Espírito elevado, ou seja, aquele que não é Espírito imperfeito na escala espírita. Kardec quer nos mostrar que temos que superar nossos vícios e substituí-los pelas virtudes, o que nos tiraria da terceira ordem e nos levaria para a segunda, a dos Espíritos bons.

E é Santo Agostinho que é incumbido pelo Espírito de Verdade, o Cristo e coordenador da doutrina espírita, a nos trazer uma técnica muito eficaz para o autoconhecimento, a chave para o progresso espiritual. Nos itens 919 e 919-a de “O Livro dos Espíritos”, Santo Agostinho explica essa técnica.

O Livro dos Espíritos > Parte terceira — Das Leis Morais > Capítulo XII — Da perfeição moral > Conhecimento de si mesmo. > 919

919. Qual o meio prático mais eficaz que tem o homem de se melhorar nesta vida e de resistir à atração do mal?

“Um sábio da antiguidade vo-lo disse: Conhece-te a ti mesmo.”

a) — Conhecemos toda a sabedoria desta máxima; porém a dificuldade está precisamente em cada um conhecer-se a si mesmo. Qual o meio de consegui-lo?

“Fazei o que eu fazia quando vivi na Terra: ao fim do dia, interrogava a minha consciência, passava revista ao que fizera e perguntava a mim mesmo se não faltara a algum dever, se ninguém tivera motivo para de mim se queixar. Foi assim que cheguei a me conhecer e a ver o que em mim precisava de reforma. Aquele que, todas as noites, evocasse todas as ações que praticou durante o dia e inquirisse de si mesmo o bem ou o mal que fez, rogando a Deus e ao seu anjo guardião que o esclarecessem, grande força adquiriria para se aperfeiçoar, porque, crede-me, Deus o assistiria. Dirigi, pois, a vós mesmos perguntas, interrogai-vos sobre o que tendes feito e com que objetivo procedestes em tal ou tal circunstância, sobre se fizestes alguma coisa que, feita por outrem, censuraríeis, sobre se obrastes alguma ação que não ousaríeis confessar. Perguntai ainda mais: “Se aprouvesse a Deus chamar-me neste momento, teria que temer o olhar de alguém, ao entrar de novo no mundo dos Espíritos, onde nada pode ser ocultado?” Examinai o que pudestes ter obrado contra Deus, depois contra o vosso próximo e, finalmente, contra vós mesmos. As respostas vos darão, ou o descanso para a vossa consciência, ou a indicação de um mal que precise ser curado.

“O conhecimento de si mesmo é, portanto, a chave do progresso individual. Mas, direis, como há de alguém julgar-se a si mesmo? Não está aí a ilusão do amor-próprio para atenuar as faltas e torná-las desculpáveis? O avarento se considera apenas econômico e previdente; o orgulhoso julga que em si só há dignidade. Isto é muito real, mas tendes um meio de verificação que não pode iludir-vos. Quando estiverdes indecisos sobre o valor de uma de vossas ações, inquiri como a qualificaríeis, se praticada por outra pessoa. Se a censurais em outrem, não a podereis ter por legítima quando fordes o seu autor, pois que Deus não usa de duas medidas na aplicação de sua justiça. Procurai também saber o que dela pensam os vossos semelhantes e não desprezeis a opinião dos vossos inimigos, porquanto esses nenhum interesse têm em mascarar a verdade, e Deus muitas vezes os coloca ao vosso lado como um espelho, a fim de que sejais advertidos com mais franqueza do que o faria um amigo. Perscrute, conseguintemente, a sua consciência aquele que se sinta possuído do desejo sério de melhorar-se, a fim de extirpar de si os maus pendores, como do seu jardim arranca as ervas daninhas. Faça o balanço de seu dia moral, como o comerciante faz o de suas perdas e seus lucros; e eu vos asseguro que a primeira operação será mais proveitosa do que a segunda. Se puder dizer que foi bom o seu dia, poderá dormir em paz e aguardar sem receio o despertar na outra vida.

“Formulai, pois, de vós para convosco, questões nítidas e precisas e não temais multiplicá-las. Justo é que se gastem alguns minutos para conquistar uma felicidade eterna. Não trabalhais todos os dias com o fito de juntar haveres que vos garantam repouso na velhice? Não constitui esse repouso o objeto de todos os vossos desejos, o fim que vos faz suportar fadigas e privações temporárias? Ora, que é esse descanso de alguns dias, turvado sempre pelas enfermidades do corpo, em comparação com o que espera o homem de bem? Não valerá este outro a pena de alguns esforços? Sei haver muitos que dizem ser positivo o presente e incerto o futuro. Ora, esta exatamente a ideia que estamos encarregados de eliminar do vosso íntimo, visto desejarmos fazer que compreendais esse futuro, de modo a não restar nenhuma dúvida em vossa alma. Por isso foi que primeiro chamamos a vossa atenção por meio de fenômenos capazes de ferir-vos os sentidos e que agora vos damos instruções, que cada um de vós se acha encarregado de espalhar. Com este objetivo é que ditamos O Livro dos Espíritos.”


Santo Agostinho.


“Muitas faltas que cometemos nos passam despercebidas. Se, efetivamente, seguindo o conselho de Santo Agostinho, interrogássemos mais amiúde a nossa consciência, veríamos quantas vezes falimos sem que o suspeitemos, unicamente por não perscrutarmos a natureza e o móvel dos nossos atos.”

“A forma interrogativa tem alguma coisa de mais preciso do que as máximas, que muitas vezes deixamos de aplicar a nós mesmos. Aquela exige respostas categóricas, por um sim ou um não, que não abrem lugar para qualquer alternativa e que são outros tantos argumentos pessoais. E, pela soma que derem as respostas, poderemos computar a soma de bem ou de mal que existe em nós.”


Allan Kardec.


Vejam a profundidade da pergunta que Kardec faz aos Espíritos, e quanta coisa ele quer:

919. Qual o meio prático mais eficaz que tem o homem de se melhorar nesta vida e de resistir à atração do mal?

Ele quer um (1) meio prático (2) que seja o mais eficaz (3) de se melhorar na vida (4) e ainda de resistir à atração do mal.

Por que “meio prático”? Porque ele não quer mais teoria, que já foi apresentada nos dez capítulos anteriores. Toda a teoria sobre a moral e as leis morais já foi dada; agora Kardec quer que os Espíritos nos ensinem um meio prático, quer saber como colocar em prática a teoria das leis morais, como vivê-las. Ele sabia da dificuldade que é transformar teoria em prática.

Mas ele não quer um meio prático qualquer, ele quer “o meio prático mais eficaz que tem o homem de se melhorar nesta vida e de resistir à atração do mal”.

O que é eficácia de um meio? A eficácia de um meio é o quanto ele permite alcançar o resultado pretendido.

Suponham que pedissem a alguém um meio prático de quebrar um copo de vidro. Deseja-se um meio que, se aplicado, certamente o quebrará.

Se for proposto bater no copo com algodão o resultado esperado não será obtido, o copo não quebrará; então bater com algodão é um meio de baixa eficácia. Mas, se for usada uma marreta de vinte quilos para bater no copo, ele será destruído; então a eficácia desse meio é elevada.

Ou seja, meio eficaz é aquele que, se empregado, permite que se atinja o resultado esperado.

Kardec quer o meio mais eficaz, ou seja, ele quer o meio que, se utilizado, dará melhor resultado que qualquer outro meio que se utilizar. Esse é o mais eficaz. Kardec quer que tenhamos em mãos o meio mais rápido para atingir o objetivo, o conhecimento de si.

Kardec queria que tivéssemos em mãos um meio prático que, ao ser empregado, nos levaria com certeza a conhecer nossos vícios e nossas virtudes, o nosso mundo íntimo.

Mas para que esse meio? Meio só é meio para alguma coisa, para um fim, para se atingir um objetivo final.

Ele deixa isso bem definido no final da pergunta, quando diz “mais eficaz que tem o homem de se melhorar nesta vida e de resistir à atração do mal”. É a mesma coisa que dizer que ele queria o meio prático mais eficaz para alcançar a perfeição moral.

Kardec não queria dar uma sugestão que poderia dar certo ou não, não queria criar ilusões. Ele queria que tivéssemos certeza e segurança de que ao praticarmos esse meio o objetivo seria alcançado. E o objetivo proposto foi melhorar nessa vida e resistir à atração do mal.

Então, o que caracteriza a busca pela perfeição moral são dois elementos importantes:

(1) Melhorar nessa vida;

(2) Resistir à atração do mal.

Por que não basta melhorar nessa vida? Melhorar nessa vida significa fazer esforço para ir se comportando cada vez mais de acordo com a lei de Deus, mas aquelas emoções ruins ainda estão vivas na alma, o campo das paixões ruins exige vontade forte para ser vencido, e em algum momento o indivíduo pode fraquejar e cair. O domínio da ação, da conduta, está fortemente ligado ao plano do sentimento, das emoções.

Por isso o apóstolo Paulo diz, em sua sabedoria: “Por que não faço o bem que quero, mas, o mal que não quero, esse realizo?”

Os sentimentos acontecem no interior da alma sem que se perceba. Sente-se sem querer sentir, independentemente da vontade, percebe-se o sentimento quando já se está sentindo. Então muitas vezes o indivíduo se pega com um comportamento mau por conta das emoções ruins. São esses os verdadeiros inimigos a serem derrotados: os maus sentimentos.

Então a pessoa vai indo muito bem, tranquila, agindo corretamente até que uma tentação surge. Nesse momento a paixão vai passar por uma prova decisiva. O antigo vício contra uma virtude em desenvolvimento. Qual desejo vai se manifestar mais forte? Nesse momento é que se verifica se a verdadeira reforma foi incorporada profundamente na alma. E a reforma significa a virtude ser mais forte que o vício, derrotando-o. Mas não apenas uma vez: o vício precisa ser definitivamente vencido, de tal forma que a virtude se expresse espontaneamente.

O vício torna a se manifestar quando cedemos à tentação, e isso mostra que a paixão ruim ainda estava presente, e ainda tinha forças para dominar. A reforma ainda era superficial, ainda é preciso resistir à atração do mal. O indivíduo vai melhorando, demonstra isso em suas ações, está equilibrado, se comportando muito bem, mas ele ainda não recebeu as tentações do dinheiro, dos prazeres, ele está tendo uma vida de trabalhador, com sua família, tem seu lar.

Então falam: “Nossa, o fulano está melhorando na vida, todos os dias ele se comporta bem, cumpre seus deveres.” Então todos têm a impressão de que ele já deu o salto moral necessário, que já se tornou um homem virtuoso. Aí, de repente, vem uma tentação, um vício moral muito forte que o provoca, e ele cede à tentação, deixa que suas paixões e sentimentos ruins se manifestem novamente, ele ainda sente atração por esse vício, e então começa a mudar a sua conduta. Ele passa a agir de forma equivocada.

Então Kardec quer um meio que garanta a persistência no bem, que não sofra um abalo diante de uma tentação. Ele quer um meio que possibilite enfrentar com segurança todas as tempestades que acontecerem, e as diversas tentações que necessariamente irá sofrer na forma de provas. As emoções e sentimentos regem a conduta do homem; se esses sentimentos e emoções ruins ainda existem na alma, então ainda podem se manifestar em um momento de fraqueza da razão e da vontade, e o indivíduo cede e erra.

Então Kardec quer um meio que resolva, ao mesmo tempo, o plano da ação e da conduta e o plano do sentimento, da emoção.

É preciso manter-se equilibrado no campo dos sentimentos para que a ação no bem seja duradoura, permanente, que ela se mantenha em quaisquer circunstâncias.

Em um mundo de provas e expiações todos os Espíritos de terceira ordem, sem exceção, vivem essa realidade; pode-se estar muito bem durante muito tempo, agindo bem, com uma boa conduta, até que uma dificuldade maior provoque seus sentimentos. Uma agressão que desperta o ódio, uma paixão material, uma tristeza que surgiu em um momento infeliz, e a pessoa entra no clima de amargura, de depressão.

Um sentimento que perturbe, decorrente da existência de remanescentes dos vícios, pode levar à perda de objetivo na vida; a depressão se aloja no mundo interior, e a conduta da pessoa passa a modificar-se; ele agora já não age como devia, não se empenha mais em seu trabalho e nas suas atividade, alguns se isolam do mundo, e muitas vezes outros chegam ao suicídio: decorrências no nível de tristeza, de melancolia, de angústia, de depressão em que vive: São os sentimentos interferindo radicalmente na conduta.

Por que ele mudou? Mudou porque o mundo interior dos sentimentos e das emoções se perturbou.

Então Kardec entende o mundo interior moral com dois componentes essenciais, o sentimento e a ação; mas moral não é apenas o comportar-se e o conduzir-se bem: é comportar-se e conduzir-se bem com os sentimentos equilibrados. A moral tem os dois componentes chave.

É por isso que Kardec quer o meio prático mais eficaz que permita as duas coisas: conduza ao bem agir no dia a dia, mantendo o sentimento equilibrado, com lucidez, tranquilidade, sem se agitar com as tentações que o mundo oferece.

E a tentação, esse arrastamento para o mal, não aparece só nos grandes vícios; aparece também nas pequenas mazelas, em uma tristeza, uma angústia, uma melancolia; e pode desempenhar um papel perverso muito maior do que uma grande tentação, como da fortuna, da sexualidade, da beleza ou coisa do gênero. Essas “pequenas” mazelas na realidade são muito grandes no plano dos sentimentos.

Quando nós permitimos que a angústia e a tristeza participem do nosso mundo interior, elas vão penetrando devagarzinho no íntimo da alma, vão se enraizando por todo o ser, se estabelecem, e aí o indivíduo não consegue ver beleza em um dia ensolarado, não sente a euforia que remete à gratidão a Deus.

O que disparou a sintonia com estes sentimentos pode ter sido apenas uma indisposição com familiares, ou uma decepção, uma briga, alguma situação fora da alma que induz nela angústia e tristeza; e desatenta, ela permite que esses sentimentos cresçam dentro da sua alma. E a partir daí, o mal que o outro produziu passa a ser um mal nela mesma.

Aí está o equívoco: o problema é de quem feriu, traiu, magoou, e não de quem foi agredido. É ele que tem valores ruins que o levam a essas condutas. Quem responde pela agressão é o agressor. O problema torna-se também do agredido quando ele permite que o mal feito fora dele penetre seu mundo íntimo, causando tristeza, angústia, depressão, e modificando seu comportamento para uma forma azeda, ácida, revoltosa, amargurada e contra a lei divina.

Nesse momento o agressor tornou-se vitorioso, conseguiu seu objetivo de levar sofrimento a quem agrediu; até ali a conduta do agressor era um problema dele, foi ele quem feriu, quem xingou, quem traiu, quem prejudicou, isso tudo era problema só dele, eram derrotas só dele, só a ele competiam as desgraças do mau comportamento. Mas no momento em que essa agressão penetra no mundo íntimo do agredido na forma de tristeza, angústia, depressão, raiva, ódio, o mal passou a ser seu também, e esses sentimentos interiores começam a determinar mudanças na sua forma de agir, em seu comportamento; torna-se incapaz de sentir as belezas da vida, em decorrência da conduta do outro; fez de si mesmo um perdedor, e o agressor é o vitorioso: conseguiu o que queria. Ele queria ferir e feriu; queria magoar e magoou; queria ofender e ofendeu! Ele venceu, o agredido fez de si um perdedor.

Então Kardec pede um meio de evitar isso. Ele quer saber como alguém pode receber toda e qualquer injuria, ofensa, perturbação do mundo, sem deixar que a sua alma seja atingida, sem deixar que se transforme em uma perturbação do agredido.

Temos que saber separar a conduta do outro da nossa conduta. E isto é muito difícil.

Nós temos uma paixão que se chama orgulho, e, quando esse orgulho é ferido, abre-se a porta para a depressão.

Quando alguém tenta nos ferir ou nos magoar e nos sentimos feridos e magoados, é porque nosso orgulho foi atingido. E então começamos a abrir a porta dos nossos sentimentos. Ora de raiva, quando o indivíduo é mais propenso a raiva, ora de depressão, quando ele é mais propenso a angústia e à tristeza. São as duas respostas que em geral nós damos à má conduta dos outros. Respondemos com raiva, ou respondemos com tristeza. Ou com os dois sentimentos, raiva e tristeza.

Essas respostas à conduta alheia demonstram a dificuldade que se tem para resistir à atração do mal. Nós só vamos ser capazes de resistir à ação do mal quando formos capazes de separar a conduta dos outros da nossa conduta.

Precisamos alcançar aquilo que Immanuel Kant chamava de autonomia moral: o indivíduo é autônomo quando decide pelos seus sentimentos, pela sua conduta. Não são os outros que decidem por nós!

Se estávamos alegres, sorrindo, e chega um indivíduo com raiva e nos contamina, e aí ficamos com raiva também, não somos autônomos, não agimos segundo a nossa vontade, mas segundo a vontade do outro. O sujeito que se irritou por causa do outro é um tolo. Ele está aceitando que o outro determine as suas emoções.

Alguém quer que essa pessoa fique com raiva? É só ficar raivoso, que ela vai ficar também. Quer que fique triste, é só ofendê-la. Quer dizer, essa pessoa não é autônoma, não domina as suas emoções, tem suas emoções e sua conduta determinadas por outros.

Isso é apenas uma suposição, uma possibilidade?

Não, a quase totalidade de nós é infantil do ponto de vista moral. Nós respondemos de acordo com a conduta dos outros, nós reagimos, nós não agimos de forma autônoma, de maneira independente, como quem quer viver sendo senhor de si mesmo.

Não se pode permitir que alguém ou algo alterem nossos sentimentos, nossa alegria, mesmo na dor, na miséria, precisamos estar alegres e viver com amor; vale a pena viver, vale a pena aprender, não importa o que existe lá fora, o que importa é o que se tem no interior da alma, o que interessa é apenas o que a alma é.

Quando conquistarmos essa autonomia, poderemos dizer: “Eu me controlo, eu me domino, sou senhor dos meus atos, dos meus sentimentos e dos meus pensamentos.” Como Mahatma Gandhi, que recebia agressão e continuava sorrindo. Agrediam e ele continuava sorrindo, e, se perguntassem por que não reagia, ele responderia simplesmente: “Pelas minhas emoções respondo eu.”

Vivemos as emoções que queremos cultivar. Ninguém quer passar por angústia, tristeza, depressão, então é preciso cultivar alegria, bom ânimo, felicidade, e não permitir que outras pessoas alterem nossas emoções, ou quaisquer outros fatos desequilibrados que vêm de fora da própria alma.

Temos que ser senhores da nossa vontade, dos nossos sentimentos, da nossa vida.

Por isso Kardec perguntou aos Espíritos a respeito do meio mais eficaz para conquistar o equilíbrio na conduta, no agir, nas emoções e nos sentimentos.

É para isso que precisamos substituir vícios por virtudes. Mas, para conseguirmos isso, precisamos do que os Espíritos responderam na pergunta 916:

“Conhece-te a ti mesmo.”

Mas o que fazer para ter o conhecimento de si?


[Fim da parte II.]


*Observação. O texto acima foi retirado de uma exposição de viva voz. Como todo ensino oral, esta colocação pode não ser tão rigorosa com os sentidos das palavras, por efeito da proximidade entre as pessoas que conversam. É preciso, por isso, considerar que as definições dadas podem ser provisórias, e que alguns termos são usados em sentido figurado. Em todo caso, o fundo da mensagem não deixa equívocos.

Cosme Massi é Físico, Doutor e Mestre em Lógica e Filosofia da Ciência pela UNICAMP. Foi professor, pró-reitor e diretor de diversas universidades no Brasil. Ganhador do Prêmio Moinho Santista em Lógica Matemática. Escritor, palestrante e estudioso das obras e do pensamento de Allan Kardec há mais de 30 anos. Idealizador do IDEAK (Instituto de Divulgação Espírita Allan Kardec) e da KARDECPEDIA, plataforma grátis para estudos das obras de Allan Kardec. Reúne mais de duzentas aulas de Espiritismo na plataforma KARDECPlay.

**O texto completo é resultado das transcrições de quatro palestras do professor Cosme Massi citadas abaixo, e de trecho do vídeo do Kardecplay (n.º 143: “Conhecimento de si mesmo”).

Sociedade Colatinense de Estudos Espíritas - palestra em 20/08/2017. “A contribuição de Kardec para o autoconhecimento”. RAETV - Rede Amigo Espírita TV.

G.E.E.S GRUPO DE ESTUDOS ESPÍRITA SEMEAR - palestra em 21 de fevereiro de 2021.

Sala de Estudos Chico Xavier- “O Conhecimento de Si Mesmo” — Parte 1

Sala de Estudos Chico Xavier – “O Conhecimento de Si Mesmo” — Parte 2

Trecho do vídeo 143 do KARDECPLAY — “Conhecimento de si mesmo.”


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