O Fenômeno Mediúnico
O fenômeno mediúnico desperta imenso interesse em todas as pessoas que dele se ocupam ou que desejam apenas compreendê-lo.
Allan Kardec foi atraído por este fenômeno, verificando, pela observação criteriosa e constante, que existia veracidade nos acontecimentos ditos “maravilhosos e sobrenaturais”, os quais, por toda a nossa história, causaram imensa perplexidade.
Das comprovações dos fenômenos mediúnicos de manifestações físicas aos inteligentes e das respostas dos Espíritos às suas perguntas, Kardec construiu a ciência espírita, com a acuidade, lógica e concisão que lhe eram inerentes.
Em todas as suas 23 obras, que são as obras fundamentais do Espiritismo, Kardec traz explicações, exemplos, dissertações, facultando para nós o entendimento do quão lógico e belo é o fenômeno mediúnico, como, aliás, é tudo que se apoia nas leis de Deus.
Nosso objetivo é reunir, resumidamente, textos das obras de Kardec que esclarecem como acontece este fenômeno, como é o seu mecanismo.
Iniciemos, então, seguindo os passos de Kardec.
Existem Espíritos?
“Os Espíritos não são, como frequentemente se imagina, seres à parte na criação; são as almas daqueles que viveram sobre a Terra ou em outros mundos. As almas ou Espíritos são, pois, uma única e mesma coisa; de onde se segue que quem crê na existência da alma crê, por isso mesmo, na dos Espíritos. Negar os Espíritos seria negar a alma.”[i]
Onde ficam os Espíritos?
“87. Ocupam os Espíritos uma região determinada e circunscrita no espaço?
“Estão por toda parte. Povoam infinitamente os espaços infinitos. Vós os tendes de contínuo a vosso lado, observando-vos e sobre vós atuando, sem o perceberdes, pois que os Espíritos são uma das potências da natureza e os instrumentos de que Deus se serve para a execução de seus desígnios providenciais.”[ii]
Kardec pergunta o mesmo na seguinte questão de O Livro dos Espíritos:
“1012. Haverá no universo lugares circunscritos para as penas e gozos dos Espíritos, segundo seu merecimento?
Já respondemos a essa pergunta. As penas e os gozos são inerentes ao grau de perfeição dos Espíritos. Cada um tira de si mesmo o princípio de sua felicidade ou de sua desgraça. E como eles estão por toda parte, nenhum lugar circunscrito ou fechado existe especialmente destinado a uma ou outra coisa.”[iii]
Essas informações são para chamar a atenção a que temos Espíritos ao nosso redor, constantemente.
Os Espíritos têm uma forma?
“Geralmente, faz-se uma ideia muito falsa do estado dos Espíritos; eles não são, como alguns o creem, seres vagos e indefinidos, nem chamas como os fogos fátuos, nem fantasmas como nos contos de assombração. São seres semelhantes a nós, tendo um corpo igual ao nosso, mas fluídico e invisível no estado normal.”[iv]
O que faz esse corpo fluídico e invisível?
“Quando a alma está unida ao corpo, durante a vida, ela tem duplo envoltório: um pesado, grosseiro e destrutível, que é o corpo; outro fluídico, leve e indestrutível, chamado perispírito. O perispírito é o laço que une a alma e o corpo; é por seu intermédio que a alma faz o corpo agir e percebe as sensações experimentadas pelo corpo. A união da alma, do perispírito e do corpo material constitui o homem; a alma e o perispírito separados do corpo constituem o ser chamado Espírito.
A morte é a destruição do envoltório corporal; a alma abandona esse envoltório como troca a roupa usada, ou como a borboleta deixa sua crisálida; mas conserva seu corpo fluídico ou perispírito.”[v]
Como é que essa união acontece e como ela é?
“Quando o Espírito tem de encarnar num corpo humano em vias de formação, um laço fluídico, que mais não é do que uma expansão do seu perispírito, o liga ao gérmen que o atrai por uma força irresistível, desde o momento da concepção. À medida que o gérmen se desenvolve, o laço se encurta. Sob a influência do princípio vito-material do gérmen, o perispírito, que possui certas propriedades da matéria, se une, molécula a molécula, ao corpo em formação, donde o poder dizer-se que o Espírito, por intermédio do seu perispírito, se enraíza, de certa maneira, nesse gérmen, como uma planta na terra. Quando o gérmen chega ao seu pleno desenvolvimento, completa é a união; nasce então o ser para a vida exterior.”[vi]
O texto esclarece que o perispírito e o corpo físico são totalmente unidos desde o momento do nascimento da criança.
Qual a função do perispírito?
“O perispírito é o órgão sensitivo do Espírito, por meio do qual este percebe coisas espirituais que escapam aos sentidos corpóreos. Pelos órgãos do corpo, a visão, a audição e as diversas sensações são localizadas e limitadas à percepção das coisas materiais; pelo sentido espiritual, ou psíquico, elas se generalizam: o Espírito vê, ouve e sente, por todo o seu ser, tudo o que se encontra na esfera de irradiação do seu fluido perispirítico.”[vii]
O perispírito, que é o órgão sensitivo do Espírito, é o corpo fluídico deste. É através dele que o Espírito percebe o mundo à sua volta, tanto material, quanto espiritual. Quando encarnado, e em estado de vigília, as percepções do mundo material são possíveis pelos sentidos e sensações do corpo físico.
Vejamos mais sobre o perispírito:
“Esse segundo invólucro da alma, ou perispírito, existe, pois, durante a vida corpórea; é o intermediário de todas as sensações que o Espírito percebe e pelo qual transmite sua vontade ao exterior e atua sobre os órgãos do corpo. Para nos servirmos de uma comparação material, diremos que é o fio elétrico condutor, que serve para a recepção e a transmissão do pensamento.”[viii]
Pelos textos acima entendemos que o perispírito serve de intermediário ao Espírito para perceber o mundo à sua volta bem como lhe faculta transmitir seu pensamento e vontade ao corpo. Essa intermediação é a função do perispírito.
A analogia do fio elétrico condutor é perfeita para esse entendimento.
Entendido sobre a função do perispírito, vejamos a seguinte questão, fundamental para o nosso estudo:
Os Espíritos podem se manifestar aos encarnados?
“O Espírito [...] é um ser limitado e circunscrito, ao qual só falta ser visível e palpável, para se assemelhar aos seres humanos. Por que, então, não haveria de atuar sobre a matéria? Por ser fluídico o seu corpo? Mas, onde encontra o homem os seus mais possantes motores, senão entre os mais rarefeitos fluidos, mesmo entre os que se consideram imponderáveis, como, por exemplo, a eletricidade?”[ix]
Essa analogia de Kardec é inegavelmente lógica e plausível.
Qualquer Espírito é capaz de se comunicar?
“Todos os Espíritos, qualquer que seja o grau em que se encontrem na escala espiritual, podem ser evocados: assim os bons, como os maus, tanto os que deixaram a vida de pouco, como os que viveram nas épocas mais remotas, os que foram homens ilustres, como os mais obscuros, os nossos parentes e amigos, como os que nos são indiferentes.”[x]
Para o nosso estudo presente o fato de sabermos que todos os Espíritos podem se comunicar é suficiente. Assim, não abordaremos os motivos que os impedem de se comunicarem, circunstancialmente. Ao leitor que desejar aprofundar-se no assunto, recomendamos que leia os itens 274 a 277 de "O Livro dos Médiuns".
Kardec continua:
“Resta agora a questão de saber se o Espírito pode comunicar-se com o homem, isto é, se pode com este trocar ideias. Por que não? Que é o homem, senão um Espírito aprisionado num corpo? Por que não há de o Espírito livre se comunicar com o Espírito cativo, como o homem livre com o encarcerado?”[xi]
Nesse mesmo texto Kardec alude a uma das ideias mais consoladoras do Espiritismo:
“Desde que admitis a sobrevivência da alma, será racional que não admitais a sobrevivência dos afetos? Pois que as almas estão por toda parte, não será natural acreditarmos que a de um ente que nos amou durante a vida se acerque de nós, deseje comunicar-se conosco e se sirva para isso dos meios de que disponha?
Enquanto vivo, não atuava ele [o Espírito] sobre a matéria de seu corpo? Não era quem lhe dirigia os movimentos? Por que razão, depois de morto, entrando em acordo com outro Espírito ligado a um corpo, estaria impedido de se utilizar deste corpo vivo, para exprimir o seu pensamento, do mesmo modo que um mudo pode servir-se de uma pessoa que fale, para se fazer compreendido?”[xii]
Com base na possibilidade sobre a manifestação dos Espíritos e na função que o perispírito realiza, consideramos:
Se o Espírito encarnado necessita do seu perispírito para comandar seu corpo físico e poder atuar no mundo material;
Se é perfeitamente aceitável que os Espíritos possam fazer contato com os encarnados;
Se o Espírito pode valer-se do corpo de um encarnado para se manifestar.
Elaboramos duas questões:
1. Como acontece esse mecanismo de manifestação/comunicação entre os Espíritos e os médiuns*?
*Antes de desenvolvermos essa questão, é preciso trazer o conceito de médium, propriamente dito:
“Médium: do lat. medium, meio, intermediário. Pessoa acessível à influência dos Espíritos e mais ou menos dotada da faculdade de receber e transmitir suas comunicações. Para os Espíritos o médium é um intermediário; é um agente ou instrumento mais ou menos cômodo, conforme a natureza ou o grau da faculdade mediatriz”.[xiii]
Agora, vejamos:
“Não tendo mais corpo tangível para atuar ostensivamente quando quer se manifestar, ele [o Espírito] se serve do corpo do médium, de quem toma emprestados os órgãos, que faz atuarem como se fosse seu próprio corpo, e isso pela emanação fluídica que derrama sobre ele.” [xiv]
"É igualmente com o concurso do seu perispírito que o Espírito faz que os médiuns escrevam, falem, desenhem. Já não dispondo de corpo tangível para agir ostensivamente quando quer manifestar-se, ele se serve do corpo do médium, cujos órgãos toma de empréstimo, corpo ao qual faz que atue como se fora o seu próprio, mediante o eflúvio fluídico que verte sobre ele."[xv]
Ou seja, o Espírito emana seu corpo fluídico sobre o médium, fazendo com que aconteça o contato fluídico, permitindo que o pensamento do Espírito, através dos fluidos perispirituais, ‘chegue’ até o corpo físico do médium (conforme função do perispírito).
Mecanismo lógico e natural. E admirável! Como é admirável e perfeito tudo o que Deus faz!
Mas a natureza dos perispíritos sempre permite essa interpenetração fluídica, favorecendo a assimilação do pensamento do Espírito?
2. Existem condições especificas para que esse mecanismo aconteça?
Os Espíritos respondem com precisão:
“Há um princípio que, estou certo, todos os espíritas admitem; é que os semelhantes atuam com seus semelhantes e como seus semelhantes.
[...] O vosso perispírito e o nosso procedem do mesmo meio, são de natureza idêntica, são, numa palavra, semelhantes.
Possuem uma propriedade de assimilação mais ou menos desenvolvida, de magnetização mais ou menos vigorosa, que nos permite a nós, Espíritos desencarnados e encarnados, pormo-nos muito pronta e facilmente em comunicação.
Enfim, o que é peculiar aos médiuns, o que é da essência mesma da individualidade deles, é uma afinidade especial e, ao mesmo tempo, uma força de expansão particular, que lhes suprimem toda refratariedade* e estabelecem, entre eles e nós, uma espécie de corrente, uma espécie de fusão, que nos facilita as comunicações.
É, em suma, essa refratariedade da matéria que se opõe ao desenvolvimento da mediunidade, na maior parte dos que não são médiuns."[xvi]
* “Característica do que não é submisso. Resistente”. (Dicionário Online de Português.)
Essa resposta é rica em informações! Vejamos:
I. O perispírito, tanto o do Espírito quanto o do médium, possui uma propriedade de assimilação, que permite que se combinem e que aconteça a comunicação mediúnica;
II. O perispírito dos médiuns possui uma força de expansão particular que facilita a comunicação dos Espíritos;
III. E os que não são médiuns carecem dessa expansão, na verdade possuem uma refratariedade que faz oposição ao desenvolvimento da mediunidade.
Vamos desenvolver cada uma delas:
I. O perispírito, tanto o do Espírito quanto o do médium, possui uma propriedade de assimilação, que permite que se combinem e que aconteça a comunicação mediúnica.
Essa informação nos induz a pensar que todos os Espíritos possuem perispíritos de naturezas fluídicas semelhantes. Porém, ouve-se muito no movimento espírita que os Espíritos só se comunicam com determinado médium quando tem afinidade com ele. Isso não contradiz o texto de O Livro dos Médiuns acima, visto que o moral influi diretamente na qualidade fluídica do perispírito?
Mais sobre o perispírito:
“Haurido do meio ambiente, esse envoltório varia de acordo com a natureza dos mundos. Ao passarem de um mundo a outro, os Espíritos mudam de envoltório, como nós mudamos de roupa, quando passamos do inverno ao verão, ou do polo ao equador. Quando vêm visitar-nos, os mais elevados se revestem do perispírito terrestre, e então suas percepções se produzem como nos Espíritos comuns de nosso mundo.”[xvii]
Ou ainda:
“94. De onde tira o Espírito o seu envoltório semimaterial?
Do fluido universal de cada globo, razão por que não é idêntico em todos os mundos. Passando de um mundo a outro, o Espírito muda de envoltório, como mudais de roupa.”
“a) Assim, quando os Espíritos que habitam mundos superiores vêm ao nosso meio, tomam um perispírito mais grosseiro?
É necessário que se revistam da vossa matéria, já o dissemos.”[xviii]
Contudo, existem certas particularidades na formação desse revestimento fluídico que Kardec assim relata:
“(...) Os Espíritos chamados a viver naquele meio [num determinado mundo] tiram dele seus perispíritos; porém, conforme seja mais ou menos depurado o Espírito, seu perispírito se formará das partes mais puras ou das mais grosseiras do fluido peculiar ao mundo onde ele encarna.”[xix]
Mediante essas informações, entendemos que, mesmo tendo os mesmos elementos formadores em seus perispíritos, por se encontrarem em um mesmo mundo, os Espíritos superiores têm um perispírito mais etéreo, consequência direta do seu estado moral.
Então, esses Espíritos superiores podem se comunicar por qualquer médium? E a afinidade moral e similaridade fluídica, não interferem?
“(...) A influência moral do médium atua e perturba, às vezes, a transmissão dos nossos despachos de além-túmulo, porque somos obrigados a fazê-los passar por um meio que lhes é contrário. Entretanto, essa influência, amiúde, se anula, pela nossa energia e vontade, e nenhum ato perturbador se manifesta. Com efeito, os ditados de alto alcance filosófico, as comunicações de perfeita moralidade são transmitidas, algumas vezes, por médiuns impróprios a esses ensinos superiores; enquanto que, por outro lado, comunicações pouco edificantes chegam também, às vezes, por médiuns que se envergonham de lhes haverem servido de condutores.
Em tese geral, pode afirmar-se que os Espíritos atraem Espíritos que lhes são similares e que raramente os Espíritos das plêiades elevadas se comunicam por aparelhos maus condutores, quando têm à mão bons aparelhos mediúnicos, bons médiuns, numa palavra.”[xx]
Os Espíritos podem se comunicar por qualquer médium, embora o façam mais amiúde com os que lhes são afins, pela facilidade de assimilação dos fluidos.
II. O perispírito dos médiuns possui uma força de expansão particular que facilita a comunicação dos Espíritos.
“Pela sua união íntima com o corpo, o perispírito desempenha preponderante papel no organismo. Pela sua expansão, põe o Espírito encarnado em relação mais direta com os Espíritos livres e também com os Espíritos encarnados.”[xxi]
A expansão dos fluidos perispirituais do médium possibilita a ele e ao Espírito entrarem em comunicação.
III. E os que não são médiuns carecem dessa expansão, na verdade existe neles uma refratariedade da matéria que faz oposição ao desenvolvimento da mediunidade.
Agora questionamos: qual é a causa inicial da faculdade mediúnica, que vence a refratariedade da matéria e confere condições especiais ao perispírito?
Encontramos na seguinte definição de médium a resposta para essa questão:
“Toda pessoa que sente, num grau qualquer, a influência dos Espíritos é, por isso mesmo, médium. Essa faculdade* é inerente ao homem e, consequentemente, não é privilégio exclusivo; assim, poucos há nos quais não seja ela encontrada, embora em forma rudimentar. Pode, pois, dizer-se que todo o mundo é mais ou menos médium.
Contudo, em geral, essa qualificação só se aplica às pessoas nas quais a faculdade mediatriz esteja claramente caracterizada e se traduza por efeitos patentes de uma certa intensidade, o que, então, depende de uma organização mais ou menos sensitiva. Além disso, é de notar-se que essa faculdade não se revela em todos do mesmo modo: geralmente os médiuns têm uma aptidão especial para esta ou aquela ordem de fenômenos, o que determina tantas variedades quantas as espécies de manifestações.”[xxii]
*Faculdade mediúnica: “A mediunidade é uma faculdade inerente à natureza do homem”.[xxiii]
Extraímos do texto acima informações preciosas de como se processa o fenômeno mediúnico. Vejamos:
A faculdade mediúnica é inerente ao homem.
A faculdade depende de uma organização mais ou menos sensitiva.
Se é inerente ao homem, e como o homem se diferencia do Espírito por possuir um corpo físico, a mediunidade é, logicamente, inerente à sua organização (física), que é mais ou menos sensitiva, e concede aos médiuns a sua faculdade mediúnica.
Kardec traz em outros textos a mesma afirmativa sobre ser orgânica a faculdade mediúnica:
“Têm-se visto pessoas inteiramente incrédulas ficarem espantadas de escrever a seu mau grado, enquanto que crentes sinceros não o conseguem, o que prova que esta faculdade se prende a uma predisposição orgânica.”[xxiv]
“Digamos, antes de tudo, que a mediunidade é inerente a uma disposição orgânica, de que qualquer homem pode ser dotado, como da de ver, de ouvir, de falar.” [xxv]
Se em qualquer homem pode haver essa predisposição orgânica, então a faculdade mediúnica não se relaciona com evolução ou progresso moral do homem?
Esta é a resposta dos Espíritos:
“A faculdade propriamente dita se radica* no organismo; independe do moral.”[xxvi]
* Criar raízes. = ARRAIGAR-SE, ENRAIZAR-SE . (Dicionário Priberam da Língua Portuguesa.)
Muito importante essa resposta, pois existe uma tendência instintiva entre os espíritas de reverenciar os médiuns, de os crer infalíveis nas suas comunicações e opiniões. Embora saibamos que a mediunidade independe do moral do médium, o seu uso pode ser bom ou mau, conforme a seja o médium mais ou menos moralizado.
Vejamos ainda a seguinte instrução que nos dá o Espírito Sócrates, em "O Livro dos Médiuns":
“Quando existe o princípio, o gérmen de uma faculdade, esta se manifesta sempre por sinais inequívocos.”[xxvii]
Esta resposta traz um acréscimo importante, definindo que a faculdade mediúnica pode ser desenvolvida; entretanto, só pode ser desenvolvida quando existe o PRINCÍPIO.
Agora podemos fazer um resumo do pontos principais sobre como se processa o fenômeno mediúnico:
O fenômeno mediúnico só é possível de acontecer por existirem pessoas, denominadas médiuns, cujo perispírito possui condições especiais de assimilação e expansão fluídicas, que lhes permite vencer a refratariedade da matéria e lhes confere a faculdade mediúnica. Esta faculdade só é possível de ser desenvolvida devido aoprincípio ou gérmen existente no organismo físico do médium.
Deixamos para o final uma frase de Kardec que diz assim:
“Quando o Espírito está encarnado, a substância do perispírito se acha mais ou menos ligada, mais ou menos aderente, se assim nos podemos exprimir.”[xxviii]
Seria a mencionada predisposição orgânica que facultaria uma menor “aderência” na ligação do perispírito e do corpo? Uma condição que permitiria ao perispírito do médium uma maior expansibilidade e, com ela, a facilidade de se pôr mais facilmente em contato com os Espíritos? Uma condição que também facultaria uma maior assimilação dos fluidos perispirituais do Espírito?
E o que provoca essa predisposição orgânica?
Não sabemos. Allan Kardec e os Espíritos não foram além.
A pesquisa através da ciência espírita poderá nos responder a isso. Uma pesquisa com o rigor necessário para estar em conformidade com o que já foi estabelecido pelos Espíritos da Codificação.
Conforme o que Kardec nos deixou na introdução do livro "O Evangelho Segundo O Espiritismo" a respeito do Controle Universal do Ensino dos Espíritos, sabemos que:
“Toda teoria em manifesta contradição com o bom-senso, com uma lógica rigorosa e com os dados positivos já adquiridos, deve ser rejeitada, por mais respeitável que seja o nome que traga como assinatura”.[xxix]
Ou seja, é necessário que se tenha o estudo da Doutrina Espírita — 23 obras escritas por Kardec — para não se cometer o grave erro de contradizer informações de Espíritos muito elevados, sob as orientações do Espírito de Verdade, o próprio mestre Jesus.
Este é o motivo da grandeza da Doutrina. Porque ela se baseia nas verdades das leis divinas.
Que possamos estudá-la, ampliando o entendimento da nossa existência, nos direcionando para o bem em conquista da completa felicidade.
Referências
Fonte de pesquisa: http://kardecpedia.com
[i] https://kardecpedia.com/roteiro-de-estudos/892/resumo-da-lei-dos-fenomenos-espiritas/2001/dos-espiritos
[ii] https://kardecpedia.com/roteiro-de-estudos/2/o-livro-dos-espiritos/344/parte-segunda-do-mundo-espirita-ou-mundo-dos-espiritos/capitulo-i-dos-espiritos/mundo-normal-primitivo/87
[iii] https://kardecpedia.com/roteiro-de-estudos/2/o-livro-dos-espiritos/3418/parte-quarta-das-esperancas-e-consolacoes/capitulo-ii-das-penas-e-gozos-futuros/paraiso-inferno-e-purgatorio-paraiso-perdido-pecado-original/1012
[iv] https://kardecpedia.com/roteiro-de-estudos/892/resumo-da-lei-dos-fenomenos-espiritas/2001/dos-espiritos
[v] https://kardecpedia.com/roteiro-de-estudos/892/resumo-da-lei-dos-fenomenos-espiritas/2001/dos-espiritos
[vi] https://kardecpedia.com/roteiro-de-estudos/888/a-genese-os-milagres-e-as-predicoes-segundo-o-espiritismo/3928/a-genese/capitulo-xi-genese-espiritual/encarnacao-dos-espiritos/18
[vii] https://kardecpedia.com/roteiro-de-estudos/888/a-genese-os-milagres-e-as-predicoes-segundo-o-espiritismo/4045/os-milagres/capitulo-xiv-os-fluidos/ii-explicacao-de-alguns-fenomenos-considerados-sobrenaturais/vista-espiritual-ou-psiquica-dupla-vista-sonambulismo-sonhos/22
[viii] https://kardecpedia.com/roteiro-de-estudos/884/o-livro-dos-mediuns-ou-guia-dos-mediuns-e-dos-evocadores/1545/segunda-parte-das-manifestacoes-espiritas/capitulo-i-da-acao-dos-espiritos-sobre-a-materia/54
[ix] https://kardecpedia.com/roteiro-de-estudos/884/o-livro-dos-mediuns-ou-guia-dos-mediuns-e-dos-evocadores/994/primeira-parte-nocoes-preliminares/capitulo-i-ha-espiritos/3
[x] https://kardecpedia.com/roteiro-de-estudos/884/o-livro-dos-mediuns-ou-guia-dos-mediuns-e-dos-evocadores/1832/segunda-parte-das-manifestacoes-espiritas/capitulo-xxv-das-evocacoes/espiritos-que-se-podem-evocar/274
[xi] https://kardecpedia.com/roteiro-de-estudos/884/o-livro-dos-mediuns-ou-guia-dos-mediuns-e-dos-evocadores/996/primeira-parte-nocoes-preliminares/capitulo-i-ha-espiritos/5
[xii] https://kardecpedia.com/roteiro-de-estudos/884/o-livro-dos-mediuns-ou-guia-dos-mediuns-e-dos-evocadores/994/primeira-parte-nocoes-preliminares/capitulo-i-ha-espiritos/3
[xiii] https://kardecpedia.com/roteiro-de-estudos/890/instrucoes-praticas-sobre-as-manifestacoes-espiritas/1240/vocabulario-espirita/medium
[xiv] https://kardecpedia.com/roteiro-de-estudos/892/resumo-da-lei-dos-fenomenos-espiritas/2002/manifestacoes-dos-espiritos
[xv] https://kardecpedia.com/roteiro-de-estudos/888/a-genese-os-milagres-e-as-predicoes-segundo-o-espiritismo/4068/os-milagres/capitulo-xiv-os-fluidos/ii-explicacao-de-alguns-fenomenos-considerados-sobrenaturais/manifestacoes-fisicas-mediunidade/41
[xvi] https://kardecpedia.com/roteiro-de-estudos/884/o-livro-dos-mediuns-ou-guia-dos-mediuns-e-dos-evocadores/7448/segunda-parte-das-manifestacoes-espiritas/capitulo-xxii-da-mediunidade-nos-animais/dissertacao-de-um-espirito-sobre-esta-questao/236
[xvii] https://kardecpedia.com/roteiro-de-estudos/2/o-livro-dos-espiritos/568/parte-segunda-do-mundo-espirita-ou-mundo-dos-espiritos/capitulo-vi-da-vida-espirita/ensaio-teorico-da-sensacao-dos-espiritos/257
[xviii] https://kardecpedia.com/roteiro-de-estudos/2/o-livro-dos-espiritos/354/parte-segunda-do-mundo-espirita-ou-mundo-dos-espiritos/capitulo-i-dos-espiritos/perispirito/94
[xix] https://kardecpedia.com/roteiro-de-estudos/888/a-genese-os-milagres-e-as-predicoes-segundo-o-espiritismo/4029/os-milagres/capitulo-xiv-os-fluidos/i-natureza-e-propriedade-dos-fluidos/formacao-e-propriedade-do-perispirito/10
[xx] https://kardecpedia.com/roteiro-de-estudos/884/o-livro-dos-mediuns-ou-guia-dos-mediuns-e-dos-evocadores/971/segunda-parte-das-manifestacoes-espiritas/capitulo-xx-da-influencia-moral-do-medium
[xxi] https://kardecpedia.com/roteiro-de-estudos/888/a-genese-os-milagres-e-as-predicoes-segundo-o-espiritismo/4039/os-milagres/capitulo-xiv-os-fluidos/i-natureza-e-propriedade-dos-fluidos/qualidade-dos-fluidos/18
[xxii] https://kardecpedia.com/roteiro-de-estudos/890/instrucoes-praticas-sobre-as-manifestacoes-espiritas/1152/capitulo-v-dos-mediuns
[xxiii] https://kardecpedia.com/roteiro-de-estudos/899/revista-espirita-jornal-de-estudos-psicologicos-1865/5878/maio/estudo-sobre-a-mediunidade
[xxiv] https://kardecpedia.com/roteiro-de-estudos/884/o-livro-dos-mediuns-ou-guia-dos-mediuns-e-dos-evocadores/1761/segunda-parte-das-manifestacoes-espiritas/capitulo-xvii-da-formacao-dos-mediuns/desenvolvimento-da-mediunidade/209
[xxv] https://kardecpedia.com/roteiro-de-estudos/887/o-evangelho-segundo-o-espiritismo/2635/capitulo-xxiv-nao-ponhais-a-candeia-debaixo-do-alqueire/nao-sao-os-que-gozam-saude-que-precisam-de-medico/12
[xxvi] https://kardecpedia.com/roteiro-de-estudos/884/o-livro-dos-mediuns-ou-guia-dos-mediuns-e-dos-evocadores/971/segunda-parte-das-manifestacoes-espiritas/capitulo-xx-da-influencia-moral-do-medium
[xxvii] https://kardecpedia.com/roteiro-de-estudos/884/o-livro-dos-mediuns-ou-guia-dos-mediuns-e-dos-evocadores/1749/segunda-parte-das-manifestacoes-espiritas/capitulo-xvi-dos-mediuns-especiais/variedades-dos-mediuns-escreventes/198
[xxviii] https://kardecpedia.com/roteiro-de-estudos/884/o-livro-dos-mediuns-ou-guia-dos-mediuns-e-dos-evocadores/7141/segunda-parte-das-manifestacoes-espiritas/capitulo-iv-da-teoria-das-manifestacoes-fisicas/movimentos-e-suspensoes-ruidos-aumento-e-diminuicao-de-peso-dos-corpos/75
[xxix] https://kardecpedia.com/roteiro-de-estudos/887/o-evangelho-segundo-o-espiritismo/2050/introducao
Agradeço em especial ao IDEAK que criou e disponibilizou a maravilhosa ferramenta KARDECPEDIA, que facilitou imensamente o trabalho de estudo e pesquisa nas obras de Kardec. Sem ela, esse trabalho duraria bem mais tempo e talvez não possuísse todos os textos citados. Agradeço, sobretudo, ao professor Cosme Massi, que me ajuda constantemente a estudar a obra incomparável de Allan Kardec.
Texto escrito por Sueli Lemos Lima, Engenheira Civil, voluntária no Centro Espírita Paulo e Estevão, em Salvador-BA, e participante do Grupo de Estudos do IDEAK.