O papel do anjo da guarda na mediunidade segundo “O Livro dos Médiuns”
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Texto escrito por Julio Daniel do Vale.
Contato disponibilizado pelo autor: juliodovale@gmail.com.
São fartas as referências da doutrina espírita sobre o anjo da guarda, mas recomendamos, em especial, que todos estudem o tópico específico sobre o assunto no Livro dos Espíritos. No texto a seguir iremos pontuar as passagens do Livro dos Médiuns que citam principalmente as informações aplicadas às atividades mediúnicas.
O leitor atento encontra diversas passagens referentes ao anjo da guarda presentes nas obras da doutrina, mas é no capítulo sobre a formação do médium escrevente que essa orientação é fartamente utilizada. Aliás, Kardec é peremptório ao dirigir-se para os principiantes, pedindo que sempre busquem seu anjo da guarda, que, nas evocações, as façam sempre em nome de Deus e que solicitem também para que seus anjos se dignem a assisti-los, pois, em geral, será seu próprio anjo a comunicar-se (1). No item 211 tem a seguinte passagem:
“A primeira condição é colocar-se o médium, com fé sincera, sob a proteção de Deus e solicitar a assistência do seu anjo da guarda, que é sempre bom (...)” (2)
Eis aqui uma informação que deve ser observada, pois, sobretudo no início do desenvolvimento mediúnico, se a prática for adotada, desde sempre e por hábito apelar-se ao espírito protetor, certamente o médium haverá de alcançar uma faculdade profícua. Na prática da mediunidade, Kardec pode fazer diversos estudos sobre a influência dos anjos sobre seus tutelados. Com o auxílio de um médium que possuía acurada capacidade de vidência, ele e outros membros estiveram em diversos tipos de ambientes e atividades para estudar como se relacionavam os encarnados e desencarnados (3). Certa feita avaliaram o comportamento de Espíritos junto a uma apresentação de ópera (4). Kardec e o médium julgaram que a presença de um Espírito muito próximo a uma das principais cantoras era de um desencarnado que estaria com segundas intenções. Ao final do ato, evocam esse Espírito suspeito, ali mesmo, no teatro. Surpresa! recebem uma severa reprimenda, pois tal espírito era o guia da cantora a prestar-lhe assistência.
Ao final do Livro dos Médiuns, Kardec coloca o belíssimo texto de Channing, exortando-nos a ouvirmos a voz do nosso “bom gênio” (5). Esse texto foi selecionado da Revista Espírita, onde havia sido publicado com o título “A voz do anjo da guarda” (6), essa ode ao intercâmbio com nosso espírito protetor assinala em palavras tão belas quanto profundas as potencialidades que estão ao nosso alcance, se bem aplicarmos essa prática de permuta constante com nossos anjos guardiães. Na mesma seção, a mensagem da Joana d’Arc se direciona de forma mais específica para os médiuns que mais se destacam, alertando-os de maneira direta: “nunca me cansarei de recomendar-vos que vos confieis ao vosso anjo guardião, para que vos ajude a estar sempre em guarda contra o vosso mais cruel inimigo, que é o orgulho” (7).
A evocação bem entendida e aplicada deve ocorrer sob a assistência que nos prestam os Espíritos protetores, por exemplo, quando evoca-se um espírito pela primeira vez, Kardec aconselha que seja chamado o seu anjo da guarda; ele então falará sobre a possibilidade ou não de realizar-se tal evocação (8). Os Espíritos apelam para que esse amparo se dê com frequência. Aliás, é um socorro que a ninguém falta e a que todos deveriam recorrer, seja na prática mediúnica ou não, como fica claro na seguinte afirmação: “(...) se todos estivessem bem compenetrados desta verdade, ninguém deixaria de recorrer com frequência à inspiração do seu anjo de guarda, nos momentos em que se não sabe o que dizer ou fazer”. (9)
Nas reuniões particulares ou familiares, nossos guias podem aí atender mais facilmente às questões íntimas (10). Casos há em que se manifestam em favor de nos auxiliar até mesmo em nossos interesses materiais. Mas fiquemos certos de que nunca para favorecer nossa cupidez ou evitar uma prova ou expiação pela qual devemos passar. Contudo, certamente nos darão forças para suportar, e até podem nos suavizar a dificuldade, mas nada fazem que não seja para nos favorecer na condição de Espíritos eternos que marcham para a evolução moral.
E, assim como há Espíritos protetores de indivíduos, também os há para as sociedades e grupos espíritas. As orientações para que os indivíduos conquistem e mantenham o apoio e conselhos de seus guias também servem para tais instituições, com a dupla vantagem de lograrem o apoio e a orientação necessária, tendo, ao mesmo tempo, maior eficiência em afastar e defender-se dos Espíritos malfazejos (11). É nesse sentido que Fénelon propõe uma interessante “competição” entre as sociedades espíritas, sugerindo que aquelas que alegassem ter melhores guias, que o provassem mostrando melhores sentimentos (12). É uma boa proposta.
Quando Kardec solicita a Santo Agostinho que lhes dite uma fórmula de invocação geral, ele não consente, pois faz questão de reafirmar que, para Deus, o pensamento (vontade, sentimento…) é muito mais importante do que as palavras. Mas não deixa Kardec sem resposta; diz-lhe que prepare, ele mesmo, uma fórmula para isso e que, se assim desejasse, ele poderia ajudar. Assim foi feito. A nota está também na mesma seção de dissertações que citamos acima (13). Desejo que essa fórmula seja amplamente conhecida, que jamais se torne uma fala banal, mas que, sobretudo, repetindo o que está lá, pedimos, particularmente, ao anjo de guarda de cada grupo espírita, que assinta em nos trazer hoje, amanhã e sempre o seu concurso aos irmãos do nosso movimento espírita.
Referências:- 1. Capítulo XVII — Da formação dos médiuns — Desenvolvimento da mediunidade (item 203).
- 2. Capítulo XVII — Da formação dos médiuns — Desenvolvimento da mediunidade (item 211).
3. Revista espírita — 1858; Dezembro; Adrien, médium vidente.
4. Capítulo XIV — Dos médiuns — Médiuns videntes (item 169).
5. Capítulo XXXI — Dissertações espíritas — Sobre os médiuns — X.
6. Revista espírita — 1861 — Janeiro — Ensino espontâneo dos Espíritos - Ditados obtidos ou lidos na sociedade por vários médiuns — A voz do anjo da guarda (Médium: Srta. Huet).
7. Capítulo XXXI — Dissertações espíritas — Sobre os médiuns — XII.
8. Capítulo XXV — Das evocações — Espíritos que se podem evocar - Sobre interesses morais e materiais (item 296).
9. Capítulo XV — Dos médiuns escreventes ou psicógrafos — Médiuns inspirados ou involuntários (item 182).
10. Capítulo XXVI — Das perguntas que se podem fazer aos Espíritos (item 291; subitem 19).
11. Capítulo XXIX — Das reuniões e das sociedades Espíritas — Das reuniões em geral (itens 333 e 340).
12. Capítulo XXXI — Dissertações espíritas — Sobre as Sociedades Espíritas — XII.
13. Capítulo XXXI — Dissertações espíritas — Sobre as Sociedades Espíritas — XVI.
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