Os Anjos Guardiães – PARTE 2
Este texto contém informações de duas palestras de Cosme Massi sobre os anjos guardiães, disponíveis em: Centro Espírita Apóstolo Matheus (17/07/2017, Uchôa–SP); Lar Espírita Alvorada Nova (03/12/2017, Parnamirin–RN).
Transcrição de Rui Gomes Carneiro.
Poderia nosso anjo da guarda nos abandonar? Vamos ver a resposta completa que os Espíritos nos dão no item 495 de "O Livro dos Espíritos":
"Poderá dar-se que o Espírito protetor abandone o seu protegido, por se lhe mostrar este rebelde aos conselhos?"
“Afasta-se, quando vê que seus conselhos são inúteis e que mais forte é, no seu protegido, a decisão de submeter-se à influência dos Espíritos inferiores. Mas não o abandona completamente e sempre se faz ouvir. É então o homem quem tapa os ouvidos. O protetor volta desde que este o chame."
Nós, Espíritos da terceira ordem, deixamos de cumprir leis de Deus, mas os Espíritos elevados, não. E há uma lei de Deus que nós esquecemos: a lei de liberdade, o livre arbítrio. Se um indivíduo não quer ouvir o conselho do seu Espírito protetor, este simplesmente se afasta, porque vê que seu protegido prefere ouvir as influências de outros Espíritos, os Espíritos inferiores, e não as suas sugestões. Ele afasta-se, porque ele respeita o livre arbítrio do protegido.
Contudo, nós da terceira ordem queremos obrigar outras pessoas a seguirem o que achamos que é certo, o que significa desrespeitar o livre arbítrio do outro. Todos temos a liberdade de ouvir e seguir o conselho que quisermos, mas também sabemos que iremos responder pelas consequências.
Continua a mensagem:
“Mas não o abandona completamente, sempre se faz ouvir.”
Isso é como o pai que diante do filho adulto não desrespeita o seu livre arbítrio quando ele quer ir para o mau caminho, mas sempre se faz ouvir. Quando o filho dá uma chance ou pergunta alguma coisa, ele responde o que precisa ser respondido. Ele dá o conselho adequado para o filho, e, se o filho não quer cumprir, ele respeita isso. O anjo guardião faz a mesma coisa; ele se afasta, mas não abandona completamente. Ele sempre se faz ouvir.
“É então o homem quem tapa os ouvidos”.
Nós não prestamos atenção aos conselhos do anjo da guarda.
“O protetor volta desde que este o chame”.
Essa frase é muito importante. Às vezes as pessoas são muito ingênuas quando vão analisar a ação de Deus ou dos Espíritos protetores porque eles acham que não precisam chamar, não precisam pedir. “Ah, ele me ama, ele sabe do que eu preciso, então não preciso chamar, não preciso pedir.” Isso é ingenuidade, é esquecer a lei de livre arbítrio.
Mas se não queremos o auxílio do anjo protetor, ele não vai nos dar o direito de lhe dizermos: “Eu não lhe chamei; o que você está fazendo aqui? Vá cuidar da sua vida”. Então, chamá-lo é fundamental, porque chamamos e pedimos quando queremos, e, quando nós queremos, nós prestamos atenção.
Por outro lado, quando não o chamamos é porque estamos satisfeitos em ouvir os Espíritos inferiores. Será que uma pessoa que tem vícios, que está satisfeita com eles, que escuta com atenção Espíritos inferiores que alimentam esses vícios, será que o Espírito protetor vai se intrometer para obrigá-lo a mudar de conduta, sabendo que ele gosta de seus desvios? Não, o Espírito protetor não vai se intrometer, seria perda de tempo. Ele se afasta, e volta desde que o protegido o chame. Ele respeita o livre arbítrio, que é uma lei divina. Se o protegido não quisesse, até poderia dizer ao protetor: “Quem lhe chamou aqui?”
Então é muito importante que o chamemos, que peçamos ajuda! Quando pedimos a alguém que nos ajude, nos predispomos a fazer aquilo que a pessoa vai sugerir, nos colocamos abertos à aceitação do conselho. Porque o anjo guardião vai dar um conselho, não vai fazer aquilo que compete a nós fazer; ele vai orientar, vai nos dar forças, vai dar ideias, mas quem tem que fazer o esforço para colocar as ideias em ação é o protegido. Então, quando o chamamos ele vem feliz, porque ele sabe que há uma boa chance de que o protegido siga seus conselhos, porque foi ele quem chamou.
Assim, é muito importante entender a importância do pedir, como consta na oração de Jesus.
Os três verbos principais que caracterizam a prece são "louvar", "pedir" e "agradecer". Muitos espíritas escreveram contra a prece, usando o argumento de que Deus sabe das nossas necessidades! Para que pedir se ele já sabe? No entanto, Kardec diz, entre outras coisas, que Deus respeita sua lei de liberdade. Se ele criou uma lei, ele vai desrespeitá-la? Claro que não! Todos os Espíritos elevados cumprem as leis de Deus.
Desta forma, nós temos liberdade para definir nossa vida! Vejam a importância do pedir. Quando peço eu estou usando o meu livre arbítrio para dizer ao meu anjo guardião: “Intrometa-se na minha vida porque eu quero. Entre na minha vida para me aconselhar porque eu estou lhe pedindo, eu quero.” Então ele entra sem violar o meu livre arbítrio. Eu estou dando a ele a autorização para interagir comigo, me ajudando.
Esse argumento baseado em que Deus sabe de tudo, o anjo da guarda sabe de tudo, é muito ingênuo, porque esquece da liberdade que as pessoas têm. Eles sabem as nossas necessidades, mas respeitam a liberdade de escolha. Ao pedir ajuda demonstramos humildade, interesse em ouvir, disposição de prestar atenção. Temos que aprender a fazer isso, pedir todos os dias.
Vejamos a continuação do item 495, onde Santo Agostinho e São Luís explicam a lei dos anjos guardiães:
“É uma doutrina, esta, dos anjos guardiães, que, pelo seu encanto e doçura, deveria converter os mais incrédulos. Não vos parece grandemente consoladora a ideia de terdes sempre junto de vós seres que vos são superiores, prontos sempre a vos aconselhar e amparar, a vos ajudar na ascensão da abrupta montanha do bem; mais sinceros e dedicados amigos do que todos os que mais intimamente se vos liguem na Terra? Eles se acham ao vosso lado por ordem de Deus. Foi Deus quem aí os colocou e, aí permanecendo por amor de Deus, desempenham bela, porém penosa missão. Sim, onde quer que estejais, estarão convosco. Nem nos cárceres, nem nos hospitais, nem nos lugares de devassidão, nem na solidão, estais separados desses amigos a quem não podeis ver, mas cujo brando influxo vossa alma sente, ao mesmo tempo que lhes ouve os ponderados conselhos.
“Ah! se conhecêsseis bem esta verdade! Quanto vos ajudaria nos momentos de crise! Quanto vos livraria dos maus Espíritos! Mas, oh! Quantas vezes, no dia solene, não se verá esse anjo constrangido a vos observar: “Não te aconselhei isto? Entretanto, não o fizeste. Não te mostrei o abismo? Contudo, nele te precipitaste! Não fiz ecoar na tua consciência a voz da verdade? Preferiste, no entanto, seguir os conselhos da mentira!” Oh! Interrogai os vossos anjos guardiães; estabelecei entre eles e vós essa terna intimidade que reina entre os melhores amigos. Não penseis em lhes ocultar nada, pois que eles têm o olhar de Deus e não podeis enganá-los. Pensai no futuro; procurai adiantar-vos na vida presente. Assim fazendo, encurtareis vossas provas e mais felizes tornareis as vossas existências. Vamos, homens, coragem! De uma vez por todas, lançai para longe todos os preconceitos e pensamentos ocultos. Entrai na nova senda que diante dos passos se vos abre. Caminhai! Tendes guias, segui-os, que não falhareis em atingir a meta, porquanto essa meta é o próprio Deus.
“Aos que considerem impossível que Espíritos verdadeiramente elevados se consagrem a tarefa tão laboriosa e de todos os instantes, diremos que nós vos influenciamos as almas, estando embora muitos milhões de léguas distantes de vós. O espaço, para nós, nada é, e não obstante viverem noutro mundo, os nossos Espíritos conservam suas ligações com os vossos. Gozamos de qualidades que não podeis compreender, mas ficai certos de que Deus não nos impôs tarefa superior às nossas forças e de que não vos deixou sós na Terra, sem amigos e sem amparo. Cada anjo guardião tem o seu protegido, pelo qual vela, como o pai pelo filho. Alegra-se, quando o vê no bom caminho; sofre, quando ele lhe despreza os conselhos.
“Não receeis fatigar-nos com as vossas perguntas. Ao contrário, procurai estar sempre em relação conosco. Sereis assim mais fortes e mais felizes. São essas comunicações de cada um com o seu Espírito familiar que fazem sejam médiuns todos os homens, médiuns ignorados hoje, mas que se manifestarão mais tarde e se espalharão qual oceano sem margens, levando de roldão a incredulidade e a ignorância. Homens doutos, instruí os vossos semelhantes; homens de talento, educai os vossos irmãos. Não imaginais que obra fazeis desse modo: a do Cristo, a que Deus vos impõe. Para que vos outorgou Deus a inteligência e o saber, senão para os repartirdes com os vossos irmãos, senão para fazerdes que se adiantem pela senda que conduz à bem-aventurança, à felicidade eterna?”
São Luís, Santo Agostinho.
E Kardec comenta a seguir: "Nada tem de surpreendente a doutrina dos anjos guardiães, a velarem pelos seus protegidos, malgrado a distância que medeia os mundos. É, ao contrário, grandiosa e sublime. Não vemos na Terra o pai velar pelo filho, ainda que de muito longe, e auxiliá-lo com seus conselhos correspondendo-se com ele? Que motivo de espanto haverá, então, em que os Espíritos possam, de um outro mundo, guiar os que tomaram sob sua proteção, uma vez que, para eles, a distância que vai de um mundo a outro é menor do que a que, na Terra, separa os continentes? Não dispõem, além disso, do fluido universal, que entrelaça todos os mundos, tornando-os solidários; veículo imenso da transmissão dos pensamentos, como o ar é, para nós, o da transmissão do som?"
São Luiz e Santo agostinho apresentam toda a lei dos anjos guardiães, explicando como ela funciona. Vamos analisá-la:
“É uma doutrina, esta, dos anjos guardiães, que, pelo seu encanto e doçura, deveria converter os mais incrédulos.” Isso é típico de Santo Agostinho, um filósofo extraordinário, um poeta, capaz de escrever tocando o coração, emocionando o leitor. Diz ele que é de encanto e doçura a doutrina do anjo guardião.
Deus criou uma Lei que atribui a Espíritos elevados a missão de nos atenderem 24 horas por dia, sete dias por semana. Não são Espíritos imperfeitos como nós, desocupados, que agradeceriam para ter uma ocupação; são Espíritos elevados que assumem essa missão de nos atender, missão que lhes é confiada por Deus.
“Não vos parece grandemente consoladora a ideia de terdes sempre junto de vós seres que vos são superiores, prontos sempre a vos aconselhar e amparar, a vos ajudar na ascensão da abrupta montanha do bem?” É importante notar que eles estão sempre prontos a nos ajudar; é sempre, não é de vez em quando.
E prosseguem: “mais sinceros e dedicados amigos do que todos os que mais intimamente se vos liguem na Terra”. Poderíamos dizer "Ah, não, a minha mãe é muito ligada a mim!” Pode ser, mas o anjo de guarda é muito mais. “Mas porque mais amigo que minha mãe e que meu pai, que me amam?” Porque nos acompanham há muitas e muitas existências, durante a encarnação e como desencarnados, e nossos pais podem ter sido nossos pais apenas nessa existência.
Antes de encarnar escolhemos uma vida de provas e expiações, e para realizarmos aquele gênero de prova escolhido determinada família era adequada, e nascemos nela. Entramos na família como filhos, mas a nossa ligação com aquela família pode estar começando ali. Ou pode ter começado um pouco antes, mas a nossa ligação com o anjo guardião se perde na noite dos tempos, eles nos acompanham desde muito e muito tempo, conhecem o que somos. Nós não conseguimos imaginar quando começou essa ligação! E são Espíritos elevados, enquanto nossos pais e parentes, provavelmente, são imperfeitos como nós. Nossos pais nos amam, são dedicados, mas são imperfeitos. Significa que eles, como nós, têm ciúme, inveja, raiva, ódio, orgulho, egoísmo. Será que nunca vimos essas emoções ruins acontecerem em nossos pais? Só se forem Espíritos bons, da segunda ordem da escala espírita.
Assim, nós somos Espíritos imperfeitos, os anjos guardiães não o são. O sentimento que eles nutrem por nós é de uma pureza que nós ainda não temos. Os nossos sentimentos ainda têm as marcas das nossas paixões ruins; os sentimentos deles, não, eles só têm paixões boas.
Então são amigos mais dedicados que os mais dedicados amigos com quem convivemos na Terra, porque o sentimento deles não tem nenhum interesse, nem mesmo de troca. As vezes nós amamos nossa esposa porque temos interesse de troca, e não há nenhum problema com isso; você quer receber atenção dela, então você dá atenção para ela; isso é uma troca, mostra que o nosso comportamento é condicionado ao do outro.
Há tantos casos de casais que ficam muitos anos casados, aí acontece alguma coisa e acabam se separando; quando isso acontece e acaba a amizade, o companheirismo, e viram inimigos, significa que estavam vinculados por paixões ruins, existia ciúme, mágoa, interesse, e várias outras coisas.
Por outro lado, os anjos guardiães não têm disso, eles nos amam mesmo! Pode-se ofendê-los, agredi-los, enxotá-los, eles continuam nos amando, alegres e felizes, equilibrados. E sempre que o chamamos com sinceridade ele volta, e não o faz como nós, dizendo: “Ah, agora você está vindo porque está com interesse, não é?!” Isso é marca de paixão ruim dos dois lados: desequilíbrio de quem ofendeu, e desequilíbrio de quem é procurado e espeta a pessoa que o procura. Ao invés de agradecer sinceramente porque a pessoa voltou, pois uma amizade vai ser reatada, a pessoa já vai dando uma patada: “Agora vem, né? Precisou, vem, né?” Isso é paixão desequilibrada, espetamos e somos espetados! Por outro lado, o anjo guardião nos recebe de braços abertos, sem mágoas, sem ressentimentos, sem “espetamentos”. O anjo guardião não espeta ninguém, pois é um Espírito bom.
Então, quando o chamamos depois de afrontá-lo 500 vezes, refutá-lo 500 vezes, ele nos recebe de braços abertos, com sorriso sincero, sem hipocrisia, sem falsidade, porque ele é um Espírito bom, elevado, não é um Espírito imperfeito que cultiva emoções tão primitivas como as que nós ainda cultivamos. Ele nunca dirá: “Vem agora por interesse, não é?”. Não, será assim: “Venha, meu irmão; que alegria poder ajudá-lo!”, e isso sempre, em qualquer situação.
Por isso são os mais dedicados amigos que podemos ter. Eles vivem a caridade; a caridade é a essência de seu mundo íntimo. Por isso são Espíritos elevados. Se tivessem as nossas paixões, não seriam Espíritos protetores.
E Santo Agostinho e São Luiz continuam:
"Eles se acham ao vosso lado por ordem de Deus.”
Por isso estão em missão. O termo "missão", é tecnicamente explicado por Kardec como uma atividade dada por Deus, e é entendida como uma ordem de Deus. Espírito imperfeito descumpre ordens de Deus, mas os Espíritos elevados cumprem, felizes e agradecidos, sempre.
Prosseguem os dois Espíritos superiores neste texto maravilhoso:
“Foi Deus quem aí os colocou e, aí permanecendo por amor de Deus, desempenham bela, porém penosa missão”.
Ter a proteção de um anjo guardião é uma lei de Deus. O Espiritismo tem centenas de leis; é comum achar que existe meia dúzia delas, mas não é assim: existem centenas de leis, como a de escolha de provas, a dos anjos guardiães, do livre arbítrio, e muitas outras que aparecem ao longo da obra de Kardec.
A lei é uma determinação divina; não é possível recusá-la: “Não vou ter um anjo guardião. Não quero”. Vai ter do mesmo jeito! Como acontece em relação à lei da imortalidade da alma: às vezes a pessoa está tão chateada, desiludida da vida, que ela não quer morrer só fisicamente, ela quer morrer espiritualmente, quer sumir, não quer nem existir como Espírito. Mas adianta dizer: “Ah, não quero existir mais!”? Deus não nos consultou para fazer as suas leis; aquilo é perder tempo, pois ele é a inteligência suprema!
Essa paixão do não querer viver mais vai desaparecer quando nos tornarmos Espíritos bons; enquanto somos Espíritos imperfeitos temos essas pirraças de crianças. Mas quando evoluirmos descobriremos a beleza que é viver, vamos descobrir o que Deus nos reserva como Espíritos! Virar Espírito elevado, depois puro, percorrer esse universo extraordinário, sentir uma alegria infinita, não ter paixões ruins, não viver em corpos materiais que adoecem, estragam, apodrecem!
Quando escutamos ou lemos as descrições do que são os mundos elevados, os mundos superiores, os mundos felizes, entendemos que Deus no-los fez para uma alegria infinita! Então agradecemos a Ele. A doença de hoje, as limitações físicas, a pobreza, a miséria em que vivemos, isso tudo é passageiro, pouco representa da nossa vida verdadeira; na pior das hipóteses vai passar com a morte, mas a morte só existe para o corpo físico, e ela leva consigo nossas dores e sofrimentos físicos, nossas doenças, nossos incômodos; depois dela nos tranquilizaremos, porque é uma lei de Deus.
Mas Deus, conhecendo as necessidades do Espírito imperfeito, e por amá-lo, colocou ao seu lado um Espírito superior que o orienta; Ele já sabia que muitos iriam, em decorrência do livre arbítrio, fazer escolhas ruins, ele sabia que alguns iriam percorrer esse caminho equivocado.
Assim, em sua infinita misericórdia e bondade, ele sabia que existia o risco de muitos perderem-se nesses caminhos equivocados, então Ele juntou a Lei da liberdade com a Lei de Anjo da Guarda. O Espírito tem liberdade, mas também tem um Anjo da Guarda que vai ajudá-lo a refazer o caminho, a voltar ao caminho que vai fazê-lo verdadeiramente feliz.
Então vejam a sabedoria de Deus, dando a liberdade, mas protegendo a criatura! Todas as leis são harmoniosas, elas se combinam e se completam, gerando uma harmonia extraordinária no universo.
Para os protetores, é uma missão que não é fácil, mas eles aguentam por serem elevados; aguentar Espírito de terceira ordem é difícil; somos caprichosos, teimosos, orgulhosos, tem hora que nem a gente se aguenta! E depois de errar, ficamos nos lamentando: “Meu Deus, eu continuo cometendo o mesmo erro!”, mas eles nos aguentam, apesar de nós sermos o que somos!
E os dois Espíritos superiores continuam na 495 de “O Livro dos Espíritos”:
“Sim, onde quer que estejais, estarão convosco. Nem nos cárceres, nem nos hospitais, nem nos lugares de devassidão, nem na solidão, estais separados desses amigos a quem não podeis ver, mas cujo brando influxo vossa alma sente, ao mesmo tempo que lhes ouve os ponderados conselhos.”
Vejam: "onde quer que estejais"! E detalharam: cárceres, hospitais, lugares de devassidão, na solidão. Que coisa encantadora, de tocar o coração. Se estamos em um hospital, em um leito, doente, precisamos nos lembrar disso: eles estão conosco. Vamos escutar, abrir o coração para anjo protetor, pedir a ele que nos dê forças para suportar aquele momento tão difícil. E assim vamos descobrir que eles ajudam: aprender a ouvir e a sentir o anjo guardião é um exercício que a gente deixou de lado e precisa retomar.
Quando começamos a desenvolver esse hábito de conversar com ele, desde o momento que acordamos até quando vamos dormir, vamos descobrindo que podemos ouvi-lo em nossa intimidade. No começo temos dificuldades para ouvi-lo, depois torna-se natural. O problema é quando nós tapamos os ouvidos.
Quando aprendemos a ouvir, escutamos, em uma situação determinada, ele falar “É ciúme!”. E podemos reagir: “Eu, com ciúme?”
Em uma discussão começamos a culpar o outro, e aí ouvimos: “É seu orgulho que está alimentando isso!” E a reação: “Eu, orgulhoso?” Não é isso que gostaríamos de ouvir, não é? O que gostaríamos é: “Ele merece isso, agrida-o mesmo! Ele é um crápula!”, o que nos agradaria é que concordassem com nossa atitude, e não que discordassem dela. Aí escutamos o Espírito inferior, que nos incita e incentiva a mantermos a atitude contrária à do nosso anjo guardião. Escutamos o inferior, ignorando o protetor.
Então, nós precisamos aprender a fazer essa distinção. Santo Agostinho sugere que falemos com nosso anjo guardião: “Ajude-me a identificar em mim os vícios, me ajude a ter forças para enfrentá-los, a traçar estratégias de como enfrentá-los!”. E ao fazê-lo vamos descobrindo que isso acontece de fato, obtemos as respostas e ajuda; é só praticar, e teremos resultados. Nossa vida ficará melhor, nossas escolhas serão as melhores, conseguiremos lidar de maneira muito mais equilibrada com os conflitos da existência corporal, e descobriremos a mão amiga do anjo guardião para tirarmos mais proveito dessa encarnação, que daqui a pouco termina.
Dizem ainda Santo Agostinho e São Luís:
“Ah! se conhecêsseis bem esta verdade! Quanto vos ajudaria nos momentos de crise! Quanto vos livraria dos maus Espíritos! Mas, oh! Quantas vezes, no dia solene, não se verá esse anjo constrangido a vos observar: “Não te aconselhei isto? Entretanto, não o fizeste. Não te mostrei o abismo? Contudo, nele te precipitaste! Não fiz ecoar na tua consciência a voz da verdade? Preferiste, no entanto, seguir os conselhos da mentira!”
(Continua na PARTE 3.)
*Observação. O texto acima foi retirado de uma exposição de viva voz. Como todo ensino oral, esta colocação pode não ser tão rigorosa com os sentidos das palavras, por efeito da proximidade entre as pessoas que conversam. É preciso, por isso, considerar que as definições dadas podem ser provisórias, e que alguns termos são usados em sentido figurado. Em todo caso, o fundo da mensagem não deixa equívocos.
Cosme Massi é Físico, Doutor e Mestre em Lógica e Filosofia da Ciência pela UNICAMP. Foi professor, pró-reitor e diretor de diversas universidades no Brasil. Ganhador do Prêmio Moinho Santista em Lógica Matemática. Escritor, palestrante e estudioso das obras e do pensamento de Allan Kardec há mais de 30 anos. Idealizador do IDEAK (Instituto de Divulgação Espírita Allan Kardec) e da KARDECPEDIA, plataforma grátis para estudos das obras de Allan Kardec. Reúne mais de duzentas aulas de Espiritismo na plataforma KARDECPlay.
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