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A verdadeira propriedade
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A verdadeira propriedade

O que pertence verdadeiramente ao homem?

Resposta de Cosme Massi na live "A verdadeira propriedade para o Espiritismo", proporcionada como palestra pelo Centro Espírita Caminheiros do Bem de Auriflama (SP), transmitida e registrada pela RAETV — Rede Amigo Espírita TV.


Transcrição de Rui Gomes Carneiro.


Primeiramente convido-os ao estudo, em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, no Capítulo XVI, “Não se pode servir a Deus e a Mamon”. Neste capítulo, nas “Instruções dos Espíritos” item 9 temos o tema “A Verdadeira Propriedade” , do qual trataremos agora.


Esta é uma mensagem de um grande gênio, filósofo, matemático, cientista francês, Blaise Pascal, que viveu no século XVII, e teve uma vida curta, morreu com 39 anos. Mas teve uma vida de grande produção científica, matemática, dando grandes contribuições à humanidade. Como Espírito Pascal dita várias mensagens, entre elas esta: são apenas dois parágrafos, mas nós vamos ter grandes esclarecimentos com este Espírito tão lúcido.


Então Pascal vai começar o seu texto discutindo um conceito muito importante, que é o conceito de propriedade individual, de verdadeira propriedade, de plena propriedade. E este conceito é um pouco diferente do que em geral se considera propriedade individual do ponto de vista do materialismo.


Assim, mesmo a propriedade legítima e legalmente adquirida por meio do trabalho honesto, ou a propriedade do próprio corpo físico, observa Pascal, é apenas uma propriedade relativa. O homem não é dono de forma absoluta nem de seu corpo nem dos bens que ele conquistou legitimamente. Ele é apenas o usuário, que deve prestar contas a Deus do uso que ele dá do que recebeu ao encarnar.


Por isso, na visão espírita, não podemos destruir o próprio corpo, por não sermos donos absolutos dele. Assim o suicídio, a eutanásia, qualquer forma de destruir o corpo fere e contraria as leis de Deus. Somos apenas os usuários, e temos que prestar contas ao único proprietário pleno e absoluto de nosso corpo, que é Deus. Então não temos o direito de atentar contra a nossa própria vida!


Da mesma forma, o aborto é considerado uma violação da lei de Deus, já que não somos donos absolutos do corpo. Se Deus julgou que aquela mulher fosse instrumento do nascimento de uma criança, não cabe ao homem decidir pela destruição desse corpo.


Por isso no Espiritismo qualquer atentado à vida do corpo não está de acordo com a lei de Deus. Destruir vidas não é um direito natural do homem.


Do mesmo jeito não se tem a propriedade absoluta de bens, inclusive quando conquistados com trabalho honesto. Teremos que prestar contas a Deus de todo uso que façamos de recursos que nos chegaram às mãos.


Por isso Pascal vai dizer que o homem, quanto àquilo que ele encontra quando chega à Terra e àquilo que ele deixa quando vai embora, quando parte, ele goza apenas de uma propriedade relativa; ele é apenas usuário, ele não tem a posse plena ou real, mesmo quando adquire legitimamente. Tudo pertence a Deus.


Então, o que teríamos como propriedade verdadeira e absoluta, já que do corpo e dos recursos materiais não somos proprietários plenos?


Essa é a questão do texto de Pascal, e por isso Allan Kardec escolheu assim intitulá-lo: “A verdadeira propriedade”. Qual a nossa verdadeira propriedade? O que nos pertence de fato, o que é absolutamente nosso?


E Pascal vai explicar:


“Nada que é de uso do corpo, mas tudo o que é de uso da alma!”


E ele vai deixar claro: a inteligência, os conhecimentos, as qualidades morais conquistadas pelo homem, estas são de posse absoluta dele. Ele é o único dono de tudo aquilo que constitui os verdadeiros valores da alma. Por isso o homem deve usar os bens materiais e o próprio corpo para adquirir esses valores da alma; então o corpo, os bens materiais conquistados, são apenas meios para que ele conquiste os valores da alma.


E depois então de definir de maneira extraordinária esse conceito de verdadeira propriedade, Pascal vai usar uma metáfora importante, que é a metáfora da viagem. Uma pessoa quando vai viajar para algum lugar, ela deve se preocupar com os valores que vão garantir naquele lugar uma vida em boas condições condições. Então se você vai fazer uma viagem para um país estrangeiro, você deve buscar bens e recursos que possam garantir uma vida feliz, uma vida rica nesse lugar para onde você vai.


E Pascal lembra: todos nós vamos fazer uma viagem obrigatória, da qual não temos como escapar, que é a viagem da morte. Todos nós vamos voltar ao mundo espiritual!  Então, se eu vou voltar a esse mundo, se essa viagem daqui para lá é obrigatória, diz Pascal, eu tenho que me preocupar com a situação que vou ter lá: voltarei mais rico do que quando saí de lá para reencarnar ou voltarei tão pobre quanto era quando saí?


É preciso chegar lá com as riquezas conquistadas aqui na Terra pelo uso dos recursos materiais conquistados, do corpo físico que Deus nos deu, de todas as condições materiais que a sociedade nos colocou à disposição; tudo isso nada mais é do que o meio fornecido por Deus para a nossa conquista dos valores da alma.


Quanto a esses bens da alma, somos o único responsável por suas conquistas.
Depende de cada um aprender, adquirir conhecimentos, desenvolver faculdades, habilidades, desenvolver valores morais, vencer os vícios morais, o ciúme, a inveja, a mágoa, a raiva, conquistar as virtudes, praticar o bem. Isso depende somente de cada um!


Se temos recursos à disposição, se temos instrumentos que a Providência Divina colocou a nossa disposição, devemos usá-los em benefício de todos, praticando o amor, a caridade, desenvolvendo a sociedade em que estamos vivendo, aproveitando-os para o nosso desenvolvimento moral.


Então, a partir desse texto de Pascal, o indivíduo começa a refletir na importância de se adquirir a única e verdadeira propriedade absoluta e real do indivíduo, que são os valores morais desenvolvidos por ele mesmo.


Pascal nos lembra, para que não esqueçamos: quando voltarmos ao mundo espiritual, ninguém vai nos perguntar quanto tínhamos na Terra, quais eram os nossos bens materiais no planeta, ninguém vai perguntar qual era a posição social que ocupávamos na Terra, se éramos empresário, político, um simples trabalhador, uma dona de casa, um pai de família, ninguém vai se preocupar com as condições materiais ou sociais em que se viveu.


Pascal pergunta: o que é que eles vão te pedir? Pelo que você vai ser cobrado? Segundo Pascal vão perguntar:


— Quais são as virtudes que você possui?


O que vai fazer de você um homem rico na vida verdadeira, que é a vida da alma, o que vai constituir a sua propriedade real, legítima e verdadeira no mundo espiritual, são as conquistas que a alma conseguiu, em particular as virtudes, que se caracterizam pela prática desinteressada do bem, e pelo enfrentamento de todos os seus vícios morais.


Daí a importância de se refletir sobre a verdadeira propriedade. Enquanto se está na Terra, enquanto aqui estamos com os recursos que Deus nos colocou nas mãos, cada um com recursos diferentes, com corpo diferente, em condições sociais diferentes, todos têm que olhar para si e pensar: o que estou fazendo com as condições que eu tenho, que eu conquistei ou me foram dadas, seja por herança, seja por uma outra razão? Tudo aquilo que constitui os elementos corporais, os elementos materiais e os sociais precisam ser vistos como meio para que a alma cresça, para que a alma evolua.


Então muda-se a forma como se encara a propriedade legítima na Terra: não somos donos absolutos de bens, e não podemos fazer deles o que bem quisermos, usá-los apenas para nosso gozo material.


Teremos que prestar contas a Deus pelo uso que fizermos de tudo que possuímos; pelo modo como usamos esses bens conquistados honestamente a benefício dos outros, na construção de um mundo melhor, e para vencermos nossas imperfeições morais que caracterizam um Espírito imperfeito; isso para que possamos retornar à pátria espiritual mais ricos do que éramos quando saímos dela para reencarnar.


Essa reflexão deveria nos acompanhar em toda nossa vida na Terra: em que condições eu deixei o mundo espiritual? Como eu era?


Sabendo das nossas tendências, dos desejos, dos vícios, das faculdades, das virtudes, olhando para nós mesmos, poderemos refletir: "Eu saí de lá com esses recursos; preciso voltar com a alma ainda mais enriquecida."


Está nas mãos de cada um aproveitar essa existência corporal para se enriquecer como alma, como Espírito, e não apenas se preocupar com as conquistas materiais, como se a vida material fosse a única realidade.


Pascal faz esse alerta, porque esta viagem de volta todos nós faremos, quer a gente queira ou não; uns fazem mais cedo, outros mais tarde, mas todos faremos essa viagem. Então, é melhor nos prepararmos para ela conquistando os valores da alma, fazendo o máximo possível para avançarmos espiritualmente.


Recomendo que mergulhem em cada frase dessa mensagem tão preciosa desse Espírito extraordinário, Pascal, que em dois parágrafos apresenta profundas reflexões para as nossas vidas, para que a gente aprenda a usar melhor os recursos que Deus nos colocou às mãos. (Estude, no KARDEC Play, o direito de propriedade e limites naturais para os gozos humanos).


*Observação. O texto acima foi retirado de uma exposição de viva voz. Como todo ensino oral, esta colocação pode não ser tão rigorosa com os sentidos das palavras, por efeito da proximidade entre as pessoas que conversam. É preciso, por isso, considerar que as definições dadas podem ser provisórias, e que alguns termos são usados em sentido figurado. Em todo caso, o fundo da mensagem não deixa equívocos.


Cosme Massi é Físico, Doutor e Mestre em Lógica e Filosofia da Ciência pela UNICAMP. Foi professor, pró-reitor e diretor de diversas universidades no Brasil. Ganhador do Prêmio Moinho Santista em Lógica Matemática. Escritor, palestrante e estudioso das obras e do pensamento de Allan Kardec há mais de 30 anos. Idealizador do IDEAK (Instituto de Divulgação Espírita Allan Kardec) e da KARDECPEDIA, plataforma grátis para estudos das obras de Allan Kardec. Reúne mais de duzentas aulas de Espiritismo na plataforma KARDECPlay.


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