Os Espíritos podem nos influenciar em situações do dia a dia?

Resposta de *Cosme Massi na Live realizada em 04/05/2020, disponível no canal Cosme Massi no YouTube.

Transcrição de Rui Gomes Carneiro.

Essa influência dos Espíritos se dá com todos os homens, e por isso se pode dizer, como disse Kardec no item 182 de “O Livro dos Médiuns”, que todos os homens são médiuns. Kardec deixa a claro essa influência, essa inspiração, que ocorre a todo momento. Às vezes são Espíritos familiares, em outra nomenclatura que Kardec usa, e que não é o nosso anjo guardião. Espírito protetor ou anjo guardião é um Espírito de ordem superior, já o Espírito familiar pode ser um parente que desencarnou, um amigo que desencarnou e que está na mesma faixa evolutiva que nós. Nós somos da terceira ordem na escala espírita, somos os chamados Espíritos imperfeitos porque ainda cultivamos emoções ruins!

Para saber se um Espírito é de terceira ordem, basta ver se tem sentimentos ruins, se sente de vez em quando (não precisa ser sempre) tristeza, ciúme, mágoa, raiva, inveja, ódio, revolta, egoísmo, orgulho. Se de vez em quando a pessoa sente isso, é que ainda tem desejos no mal, que são representadas por essas emoções; se de vez em quando sente esse tipo de emoções, é da terceira ordem.

Por outro lado, como o anjo guardião está em um nível muito elevado, ele não tem esses desejos ruins, por isso pode nos orientar. Imaginemos se um de nós, da terceira ordem, fosse o anjo guardião de alguma pessoa: damos um conselho uma, duas vezes, e nada de atender! Seria o bastante para nos irritarmos. Ou seja, teríamos algumas emoções ruins para com o protegido, e chegaria um momento em que perderíamos a paciência.

O anjo guardião não vai perder a paciência nunca, porque tem as virtudes e, por isso, é de uma ordem elevada. Todos nós temos um anjo guardião, é missão deles zelar por nós, nos atender sempre que nós os evocamos, os chamamos em pensamento. Não é preciso ser médium no sentido restrito para que ele se manifeste.

Não é preciso ser médium psicofônico, psicógrafo para fazer contato com o anjo guardião; ele emite pensamentos que nós podemos captar. E diz Kardec que quando ele quer, ele permite que percebamos que são pensamentos deles, mas muitas vezes eles não permitem que façamos essa distinção entre os pensamentos deles e os nossos, porque é importante que aprendamos a nos guiar pelas escolhas dos pensamentos.

Precisamos aprender a diferenciar um pensamento bom de um ruim. Agora, imaginemos se o anjo guardião sempre permitisse que nós identificássemos a origem do pensamento, quais os pensamentos que ele estava nos enviando, quais as sugestões que eram as dele! Nós as aceitaríamos mesmo sem identificar se era bom ou não, aceitaríamos por ter vindo dele. Nós temos que aprender a diferenciar o pensamento bom do ruim, venha de onde vier, pois sempre teremos que escolher.

Quando ele quer que identifiquemos, nós identificamos, mas diz Kardec que na maioria das vezes ele faz questão que não saibamos, para que não nos preocupemos com o autor do pensamento, e sim com sua qualidade. É isso que temos que aprender, aceitar a ideia pela qualidade e não pela autoria. Por isso a maioria das vezes o anjo guardião não se identifica.

Assim, precisamos saber se o pensamento, a sugestão, é nobre: “Mas espera aí, esse pensamento está incentivando o orgulho, a inveja, o ciúme, então isso não é do anjo guardião, não.” Ele deveria puxar a orelha quando sentimos essas paixões, e não dizer, para uma pessoa ciumenta, por exemplo, que — “olha, você está certa, continue com ciúme, ou com inveja; você tem razão, continue com inveja". Isso não é pensamento de um anjo guardião.

O anjo guardião vai orientar sempre de acordo com as leis naturais, e muitas vezes vai dizer coisas nada agradáveis de se ouvir: ele vai dizer que fomos egoístas em tal momento, que fomos vaidosos ali, fomos ciumentos acolá, vai nos sugerir para controlar nossa raiva, vai nos dizer para não usar desculpas para ficar com raiva, e às vezes não estamos dispostos a essas reflexões.

É fundamental que treinemos a identificação da qualidade do pensamento que nos é dado, para que saiba discernir: “esse aqui é um bom pensamento, vale a pena; esse aqui é um pensamento ruim, deve vir de um Espírito imperfeito, é melhor eu não atender esse pensamento".

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*Observação. O texto acima foi retirado de uma exposição de viva voz. Como todo ensino oral, esta colocação pode não ser tão rigorosa com os sentidos das palavras, por efeito da proximidade entre as pessoas que conversam. É preciso, por isso, considerar que as definições dadas podem ser provisórias, e que alguns termos são usados em sentido figurado. Em todo caso, o fundo da mensagem não deixa equívocos.

Cosme Massi é Físico, Doutor e Mestre em Lógica e Filosofia da Ciência pela UNICAMP. Foi professor, pró-reitor e diretor de diversas universidades no Brasil. Ganhador do Prêmio Moinho Santista em Lógica Matemática. Escritor, palestrante e estudioso das obras e do pensamento de Allan Kardec há mais de 30 anos. Idealizador do IDEAK (Instituto de Divulgação Espírita Allan Kardec) e da KARDECPEDIA, plataforma grátis para estudos das obras de Allan Kardec. Reúne mais de duzentas aulas de Espiritismo na plataforma KARDECPlay.

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