Revista espírita: sua relevância no estudo do Espiritismo
Trecho da aula de *Cosme Massi “Como estudar o Espiritismo?”, disponível no canal do YouTube.
Transcrição de Rui Gomes Carneiro.
A REVISTA ESPÍRITA desempenha um papel muito importante no Espiritismo, porque é uma obra em que se discute uma grande variedade de temas e de aplicações dos conceitos que os Espíritos ensinavam. A estrutura da Revista permite perceber como a doutrina se aplica nas mais diversas circunstâncias da vida, como se deve lidar com os diferentes Espíritos, como se dão as reuniões mediúnicas, e vários outros temas, que vamos aprofundar, que mostram a importância desta obra para o desenvolvimento do Espiritismo.
Vejamos agora o que contém a Revista espírita, a sua importância e o quanto ela é fundamental para se ampliar o conhecimento espírita: Como a Revista espírita é montada, como ela é constituída?
Ela é a maior produção espírita de Allan Kardec. Ela foi escrita de 1858 a 1869. Kardec escrevia fascículos mensais, ou seja, a cada mês produzia um fascículo e os reunia ao final do ano em um único volume: o livro daquele ano. Dessa forma, a Revista espírita é formada por 12 livros de 12 fascículos cada um, com exceção do último, de 1869, quando, por sua desencarnação, Allan Kardec publicou três fascículos e deixou mais um pronto para ser publicado.
Além das 5 obras mais conhecidas, “O Livro dos Espíritos”, “O Livro dos Médiuns”, “O Evangelho segundo o Espiritismo”, “A Gênese” e “O Céu e o Inferno”, obras densas e volumosas, Kardec produziu 12 volumes da Revista espírita. É, sem sombra de dúvida, a sua maior produção escrita.
A Revista tem 136 fascículos mensais que foram publicados durante esse período de 1858 a 1869.
Kardec morreu dia 31 de março de 1869, mas deixou o fascículo de abril pronto. Então vamos encontrar 4 fascículos de 1869 escritos e organizados por Allan Kardec.
O que contém a Revista espírita?
Ela aborda muitas coisas importantes; uma das coisas mais importantes que ela trata e que nos permite conhecer mais de perto é a personalidade do próprio Allan Kardec.
Lendo as Revistas, analisando a forma como ele responde às objeções, como responde às cartas que são enviadas pelos leitores, as críticas que lhe são feitas, vamos compreendendo o seu caráter.
O equilíbrio, o bom senso, a habilidade com que se relacionava com as diversas sociedades espíritas de sua época. Allan Kardec se correspondeu, durante o período em que esteve à frente do movimento espírita mundial, com mais de mil Instituições espíritas no mundo inteiro.
As Revistas vão nos permitindo compreender um pouco essa habilidade, esse bom senso, essa capacidade que ele tinha de responder, de tratar as pessoas, de abordar temas espinhosos, temas da atualidade, demonstrando um bom senso invejável!
Por isso vamos aprendendo a respeitar e admirar essa pessoa tão maravilhosa que foi Allan Kardec, e a Revista nos dá essa possibilidade de conhecer um pouco de quem foi este grande homem.
A Revista espírita foi criada para desenvolver o Espiritismo, e Kardec mostra coisas curiosas nela, como a forma por que o Espiritismo foi elaborado, as experiências que foram feitas, toda a tratativa das mensagens recebidas pelos Espíritos, as evocações que ele fazia, as reuniões de que ele participava em Paris e fora de Paris, as viagens que ele fez levando o Espiritismo em várias partes da França.
A Revista vai mostrando como o Espiritismo foi sendo elaborado ao longo do tempo. Ela trata de uma variedade muito grande de fatos, de fenômenos. Nós vamos encontrar nelas a mais completa descrição de todos os fenômenos espíritas que Kardec estudou, comunicações, fenômenos físicos, comunicações mediúnicas dos mais diversos tipos, recebidas de todas as partes do mundo. As pessoas mandavam para ele mensagens dos Espíritos, relatos de fenômenos mediúnicos, e Kardec analisava e apresentava na Revista.
Ela também vai discutir os fundamentos da própria ciência espírita, e a sua evolução. Nós vamos encontrar nas Revistas coisas importantes que só vamos entender com a sua leitura.
Vamos ver um exemplo: Em “O Livro dos Médiuns”, no capítulo “Da Obsessão”, Kardec trata do tema possessão. E ele diz, nesse capítulo, que não há propriamente possessos, porque não haveria uma coabitação de um Espírito no corpo de um médium. Então ele recusa o fenômeno da possessão no sentido de coabitação, e publica em “O Livro dos Médiuns” que não há propriamente uma possessão.
O estudioso das obras de Kardec, ao ler “A Gênese”, publicada sete anos depois de “O Livro dos Médiuns”, encontra um capítulo sobre possessão em que Kardec diz o contrário, que há possessão. Então o leitor acha que Kardec entrou em contradição, e só vai entender que não há contradição alguma lendo a Revista espírita.
Na Revista espírita de 1863, Kardec estuda os famosos possessos de Morzine e vários outros casos de possessão, e então ele diz que teve que mudar o seu pensamento: chegara à conclusão de que havia possessos, que a possessão era um tipo de mediunidade, e que poderia ocorrer tanto a possessão por um bom Espírito como a possessão por um mau Espírito.
A possessão era então um novo fenômeno mediúnico que ele acabava de investigar. Diferentemente da psicografia, por exemplo, em que o Espírito faz uso apenas da estrutura nervosa do médium usada na escrita, ou da psicofonia, em que o Espírito faz uso apenas dos recursos da fala do médium, na possessão o Espírito faz uso de todo o corpo do médium, ou seja, ele enxerga pelo corpo do médium, ele escuta pelos ouvidos do médium, ele usa os recursos orgânicos como um todo, como se ele coabitasse com o médium naquele corpo nesse novo fenômeno.
Kardec conclui que o médium de possessão é um médium diferente, que é capaz de ceder todas as suas faculdades orgânicas para serem utilizadas pelo Espírito comunicante. Então Kardec descobre que a possessão é um fenômeno mediúnico novo, e vai fazer os estudos desse fenômeno na Revista, complementando, portanto, o que estava em “O Livro dos Médiuns”.
Ele não faz uma nova edição dessa obra (“O Livro dos Médiuns”) para atualizar conhecimentos sobre a possessão. Deixou como estava, e inseriu definitivamente essa alteração em “A Gênese”; mas para fazer essa mudança ele precisou da Revista. Kardec demonstrou, como esse caso, como uma ciência evolui, como uma ciência progride.
Então nós vamos encontrar esse caráter de progresso científico, demonstrado pelo próprio Kardec, na Revista espírita. Um fenômeno novo surgia? Kardec estudava-o, e fazia os ajustes necessários na teoria espírita para explicar esse novo fenômeno. Daí nós vamos ter possessão em “A Gênese” e não vamos ter possessão em “O Livro dos Médiuns”, demonstrando como um cientista trabalha, fazendo pequenos ajustes na sua teoria para se adequar aos fenômenos.
É assim que a ciência se desenvolve e cresce; é assim que Kardec fazia na Revista espírita.
Como vimos, a Revista teve um papel fundamental na elaboração da ciência espírita. Kardec sempre a utilizou para mostrar como a ciência espírita crescia e se desenvolvia ao longo da sua produção científica.
Nós citamos aqui o exemplo da possessão, que é muito importante, e muitas vezes as pessoas não conhecem esse fato, mas há outros exemplos que são muito relevantes para entendermos que o Espiritismo é uma ciência que progride.
Mas a ciência espírita, como boa ciência, progride segundo critérios científicos, não é apenas a invenção de uma novidade. Kardec tomou todo o cuidado. O que fez Kardec mudar a respeito da possessão não foram ideias que alguém propôs, que alguém sugeriu. Foram fatos, foram novos fenômenos que surgiram e o obrigaram, portanto, a fazer essa alteração, seguindo o método científico que propôs e adotou. Uma ciência olha sempre para a experiência, para o domínio dos fatos para fazer os ajustes necessários na teoria.
Veja-se que foram pequenos ajustes, que se tornaram necessários quando se constatou que havia um novo fenômeno mediúnico, a possessão, que, por ser diferente, precisava de um tratamento diferente.
Mas Kardec não viu a possessão de maneira limitada, apenas como a ação de um Espírito mau dominando uma pessoa.
Não! Ele faz o ajuste quando percebe que se tratava de um novo fenômeno mediúnico, em que o médium cedia não apenas um recurso orgânico para o Espírito comunicante, a voz ou a capacidade de escrever, mas cedia todo o seu corpo. Então ele percebeu que era um tipo de mediunidade muito mais profundo: o médium de possessão é um médium que oferece todos os seus recursos ao Espírito comunicante, diferente do médium psicógrafo, diferente do médium falante.
Por exemplo, Kardec relata vários médiuns psicógrafos mecânicos que durante a psicografia estão conversando com outras pessoas. Médiuns psicógrafos mecânicos, que eram capazes de ceder ao Espírito comunicante a sua habilidade de escrever, mas continuavam com as outras faculdades à sua própria disposição. Então eles podiam escrever e ao mesmo tempo conversar, ou escrever e ao mesmo tempo fazer outra coisa. O Espírito só usava seu braço, sua mão.
No caso do médium de possessão, não, o Espírito faz uso de todos os recursos físicos do médium, então era um processo mediúnico diferente, que precisava, portanto, de uma explicação diferente daquela que fora dada em “O Livro dos Médiuns”.
Nós vamos encontrar Kardec alterando conceitos e atualizando conhecimentos em outras partes da Revista.
Por exemplo, há uma constatação muito importante de Kardec, colocada na Revista, dentro da explicação que ele dava do fenômeno mediúnico de leitura de mão, que as pessoas costumavam fazer, ou da capacidade que tinha o médium de fazer uma leitura da vida do indivíduo tocando em algum objeto.
Na época de Kardec alguns médiuns usavam objetos brilhantes, como um copo, por exemplo, para fazer a leitura da vida da pessoa. Esse fenômeno era muito conhecido: alguns médiuns colocavam um copo nas mãos da pessoa e, a partir desse copo, costumavam descrever a vida dela, davam conselhos, olhavam a saúde da pessoa, viam como a pessoa estava.
Quando Kardec investiga pela primeira vez esse fenômeno de leitura ou análise da vida de uma pessoa a partir de um objeto, ele concluiu que o objeto era desnecessário, que não havia necessidade para o médium usar um copo, que o copo poderia ser descartado, que o médium poderia entrar em estado de transe mediúnico e fazer o estudo da pessoa e sua análise sem usar o copo.
Então essa foi a primeira conclusão de Kardec ao estudar esse fenômeno, e isso está na Revista. Mais tarde, à medida que ele foi aprofundando esse estudo, ele concluiu que o copo era importante: ele era o disparador do processo, era o catalisador do processo. Para oxigênio e hidrogênio reagirem de modo a produzir água, é preciso que, além dos dois elementos, se passe uma corrente elétrica, que faz a reação ocorrer. Mas aquela corrente elétrica não vai compor a água, ela serve apenas para desencadear o processo, dar início ao processo de ligação do oxigênio com o hidrogênio.
Kardec percebeu que o objeto luminoso que o médium utilizava, esse copo, no caso citado acima, era útil para começar o processo de comunicação com o Espírito. O objeto luminoso, aquele copo, servia para disparar, para dar início ao processo. Se o médium não fizesse uso daquele copo, ele não conseguiria disparar o processo de comunicação mediúnica. Kardec mostra que aquele copo era importante naquele tipo de fenômeno.
Há, então, na Revista, essa evolução de avaliação: seus primeiros artigos ao estudar esses fenômenos descartam o uso de objetos acessórios; nos seus artigos de meses depois, quando ele vai investigar com mais profundidade o fenômeno, ele coloca o copo como elemento importante que dispara o processo mediúnico.
Assim é uma ciência: as teorias sofrem ajustes de acordo com os estudos experimentais que se façam a respeito. Kardec vai demonstrando isso na Revista. Ali aprendemos como o Espiritismo foi sendo elaborado, como Allan Kardec fez a construção da doutrina espírita.
Há muitos outros exemplos importantes para se mostrar a importância de se estudar a Revista espírita. Não podemos ficar apenas nas 5 obras, ditas principais, produzidas por Allan Kardec, que são as obras mais divulgadas. Nós temos que estudar a Revista, pois ela é a maior produção do Espiritismo, é nela que encontramos o detalhamento que aprofunda o conhecimento da forma como Allan Kardec elaborou essa ciência espírita, tão importante para todos nós.
Agora vamos ver um pouco da estrutura da Revista.
Vamos trabalhar um fascículo da Revista, o de junho de 1860, para ver o que ele contém, para que se entenda um pouco a importância da Revista para o estudioso da doutrina espírita.
Como se pode observar, é uma revista mesmo, com uma variedade de temas. Ela não é como um livro, que tem começo, meio e fim, que precisa ser lido como um todo em uma sequência ordenada. Não.
Ela contém, como qualquer revista, um conjunto de temas diferentes, situações diferentes.
Vejamos no nosso exemplo: ela tem um boletim da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas. Esse boletim é muito importante, ele é uma espécie de ata relatando como aconteceram as reuniões da Sociedade Espírita de Paris. Ali se encontram as informações do contexto da reunião; por exemplo, Kardec informa quem foi o médium de uma mensagem recebida, porque quando se lê em “O Livro dos Médiuns” e outras obras, às vezes não se encontram essas informações, isto é, o nome do Espírito que ditou a mensagem e quem foi o médium que recebeu. Na Revista sabe-se quem foi o médium, como aconteceu a sessão, o que ocorreu de importante que devia ser destacado; Kardec, por exemplo, em um dos boletins, narra que, durante uma comunicação de São Luís, um Espírito imperfeito entra no meio da conversa e interfere na comunicação, o que leva Kardec a chamar a atenção do Espírito. Depois, Kardec conversa com São Luís para saber o que acontecera para ocorrer aquela interferência no meio da comunicação. Então ali tem detalhes das reuniões da Sociedade Espírita de Paris, que o estudioso vai conhecendo com esse tema da revista chamado “Boletim”.
Temos também alguns artigos:
1. — O Espiritismo na Inglaterra (Kardec discute como estava o Espiritismo lá na Inglaterra);
2. — Texto sobre o Espírito falador;
3. — O Espírito e o cãozinho;
4. — O Espírito de um idiota.
São temas diferentes, artigos diferentes, que abordam várias questões que estavam acontecendo na atualidade de então, que aconteciam nas sociedades espíritas, mensagens que Kardec iria estudar e aprofundar.
Há uma sessão muito importante, chamada “Conversas familiares de além-túmulo”. O que são essas conversas?
Kardec tem o cuidado de receber, dos diversos grupos familiares, mensagens que as pessoas recebiam no interior de suas famílias; era muito comum no século XIX as pessoas se reunirem em suas casas realizando suas reuniões, e nessas reuniões eles recebiam comunicações dos Espíritos, que então enviavam para Kardec. Então Kardec analisava essas mensagens recebidas nas famílias, daí o nome “Conversas familiares de além-túmulo”.
Além disso vamos ter outros textos, como “Medicina intuitiva”, “Um grão de loucura”, “Tradição muçulmana”, mostrando a variedade de temas que Kardec vai abordando.
“Um erro de linguagem por um Espírito”: essa mensagem é curiosa, porque alguém manda para Kardec o questionamento de que houve um erro de linguagem em uma mensagem escrita por um Espírito, e Kardec vai discutir o assunto.
Há na Revista, também, explicações que Kardec vai dando sobre questões que aparecem nas outras obras. Por exemplo, existe uma questão em “O Livro dos Espíritos” muito importante, que é a questão número 2: “Como se pode definir o infinito, ou o que é o infinito”, e Kardec apresenta ali a resposta. O leitor manda para ele uma carta questionando esta resposta, e então Kardec explica a questão número 2 de “O Livro dos Espíritos”.
Assim, há questionamentos que as pessoas mandam para ele, e ele responde nas Revistas espíritas. Há um questionamento muito curioso que vamos tratar aqui para mostrar a importância da Revista. Um leitor manda para Kardec o seguinte questionamento: Será que Nero, o imperador romano, que colocou fogo em Roma, poderia, em uma vida anterior, ter cometido menos crimes?
Veja-se que pergunta capciosa que mandaram para Kardec. O leitor sabia que o Espiritismo defende a tese da não retrogradação da alma, de que a alma não regride nunca, que ela sempre avança. Então o leitor pergunta sobre a vida anterior de Nero, se ele poderia não ter cometido crimes nessa vida anterior. E a resposta de Kardec na Revista espírita é admirável: sim, Nero pode em uma vida anterior ter cometido muito menos crimes do que cometeu como Nero. E Kardec explica o princípio da não retrogradação da alma. Não é pela quantidade de crimes, ou de erros que alguém comete que se mede o grau evolutivo do Espírito. Um Espírito orgulhoso, vaidoso, pode cometer em uma vida menos crimes que em uma vida futura. Tudo varia com as circunstâncias e as oportunidades.
Por exemplo, um indivíduo orgulhoso, com raiva, com ódio pode não cometer crimes em uma vida de circunstâncias que não possibilitaram oportunidades. Ele pode ter nascido em um ambiente difícil, ele pode ter dificuldades físicas, ou mesmo medo, receio de colocar para fora toda sua animosidade naquele contexto em que vive, pelas consequências ruins. Aí na vida seguinte ele vem com riquezas, com poder, e então crimes que não cometia na vida anterior, pelas limitações materiais, agora tem condições de serem feitos, pelas oportunidades, recursos e poder que não havia antes.
Então Kardec pergunta: ele regrediu? De forma nenhuma, porque o que vale são as emoções, os sentimentos, o mundo íntimo; e o seu mundo íntimo não regrediu, ele tinha o gérmen da maldade, o sentimento de egoísmo, orgulho, ciúme exacerbados, e a violência interna que só estava esperando a oportunidade para desabrochar. Então não houve uma retrogradação desse Espírito; ele não regrediu quando, em uma vida seguinte, cometeu mais crimes do que em uma vida anterior.
A retrogradação não é possível. Um indivíduo que tenha emoções boas em uma vida não poderá perder essas emoções boas na vida seguinte. Mas aquele que tenha emoções ruins em uma vida poderá, na vida seguinte, continuar com elas, até que mude seu mundo íntimo, seu mundo emocional. Enquanto ele não muda seu mundo íntimo, emocional, ele pode cometer crimes que antes ele não tinha cometido.
Daí a importância de vigiar o mundo interior, conhecendo-o para fazer as mudanças necessárias. Aquele que guarda raiva, ódio e outros desequilíbrios no campo da emoção, pode ser que agora ele não cometa crimes por falta de oportunidades, mas quando a oportunidade surgir ele poderá se tornar um criminoso, se não resistir às emoções desequilibradas.
Daí a importância de se trabalhar essas emoções, mudar essas emoções, construir novos sentimentos, para que não seja pego pela oportunidade. Se não se mudam os sentimentos ruins e a oportunidade surge, pode ser que a pessoa acabe cometendo crimes que antes não cometera.
Assim Kardec, na Revista, ao explicar o princípio da não retrogradação da alma, está respondendo a uma pergunta muito importante feita por um leitor. A Revista servia muito para Kardec tirar as dúvidas dos leitores, que mandavam perguntas a ele e ele respondia de maneira admirável. Ou então ele pegava um artigo que saía no jornal da época, e ele comentava, analisava esse artigo. Vamos ver um caso: Kardec pega um artigo de jornal que descreve um assassinato cruel. Uma criança de doze anos de idade, brincando com seus amiguinhos, os convida para entrar em um baú; cinco amiguinhos entram no baú, então a criança fecha o baú e se senta em cima, e espera os cinco amiguinhos morrerem.
Kardec lê esse relato no jornal, e vai discutir isso, tratar essa temática, buscando compreender o que levou uma criança de doze anos a cometer um crime tão hediondo como este. Kardec evoca, então, o Espírito protetor dessa criança, evoca os Espíritos para que expliquem, que relatem o que aconteceu, o que estava por trás dessa cena. Eu não vou dar aqui a resposta, vou deixar que vocês busquem na Kardecpedia essa passagem descrita por Allan Kardec.
Apenas quero provocá-los mostrando a importância de se estudar a Revista espírita, e o quanto ela é rica de informações e de conteúdo que nos ajudam a compreender o Espiritismo na prática. Como é que o Espiritismo interpreta a vida, como o Espiritismo é útil para nos ajudar no relacionamento humano, a entender os conflitos sociais, a entender os problemas da sociedade.
Uma outra questão: Kardec lê num artigo de jornal que determinada comunidade na Suíça, havia mais de 50 anos, não tinha nenhum relato de qualquer tipo de crime, por mínimo que fosse. A delegacia de polícia dessa comunidade jamais precisou agir, nem um roubo simples, uma agressão, uma injúria, uma difamação, nenhum tipo de relato apareceram nessa delegacia de polícia dessa comunidade na Suíça. Ao ler esse artigo, Kardec fica surpreso. Como se tem uma comunidade em que as pessoas vivem com tanta harmonia, com tanto equilíbrio, e ele então vai evocar os Espíritos para que eles explicassem o que acontecia ali.
Então nós vamos encontrar a explicação dada pelos Espíritos a Kardec a partir desse artigo de jornal que saiu na sua época.
Desta forma, a Revista tem esses detalhes importantes, análises do contexto da época à luz do Espiritismo, sendo também o mais rico repositório sobre o movimento espírita daquele século. Ali Kardec faz as estatísticas dos grupos espíritas que existiam no século XIX, a estatística dos espíritas, do crescimento do movimento espírita, relata como o movimento espírita crescia no mundo inteiro, tudo isso está na Revista espírita.
Então é uma coletânea muito importante sobre a aplicação do Espiritismo, do movimento espírita, o crescimento e a evolução do movimento espírita. É uma obra admirável, que precisamos estudar com muita atenção.
E a leitura é agradável, porque no formato de revista ela vai nos dando condições de ler aos poucos: pode-se abrir a revista para ler um artigo de uma página, duas páginas, ler uma mensagem, uma análise de Kardec, e depois voltar a ler outros assuntos.
Assim não há a necessidade de uma leitura em sequência, em ordem. Mas toda Revista espírita é uma revista de estudo! Ali Kardec vai abordar aquilo que é necessário para se entender com mais profundidade a obra que ele produziu.
A Revista é especial e essencial para que se estude mais o Espiritismo. Embora saibamos que as pessoas não estão acostumadas com muita leitura, e só as Revistas são 12 volumes de mais de 400 páginas cada uma, é fundamental que quem queira aprender de fato o Espiritismo estude essas obras de Kardec. Veja que nós temos aí uma contagem, tirando as pequenas produções, como “O Espiritismo na sua mais simples expressão”, ou a primeira edição do que daria origem ao Livro dos Médiuns, as "Instruções Práticas sobre as manifestações espíritas”; nós vamos ter aí as seis obras volumosas (“O Livro dos Espíritos”, “O Livro dos Médiuns”, “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, “A Gênese”, “O Céu e o Inferno” e “O Que é o Espiritismo”), que são obras fundamentais, e mais os 12 volumes da Revista espírita, também colocadas por Kardec como obras fundamentais. Então nós temos 18 obras volumosas de Kardec para estudar.
Quem quer conhecer de fato o Espiritismo tem que estudar esses 18 volumes publicados por Allan Kardec.
*Observação. O texto acima foi retirado de uma exposição de viva voz. Como todo ensino oral, esta colocação pode não ser tão rigorosa com os sentidos das palavras, por efeito da proximidade entre as pessoas que conversam. É preciso, por isso, considerar que as definições dadas podem ser provisórias, e que alguns termos são usados em sentido figurado. Em todo caso, o fundo da mensagem não deixa equívocos.
Cosme Massi é Físico, Doutor e Mestre em Lógica e Filosofia da Ciência pela UNICAMP. Foi professor, pró-reitor e diretor de diversas universidades no Brasil. Ganhador do Prêmio Moinho Santista em Lógica Matemática. Escritor, palestrante e estudioso das obras e do pensamento de Allan Kardec há mais de 30 anos. Idealizador do IDEAK (Instituto de Divulgação Espírita Allan Kardec) e da KARDECPEDIA, plataforma grátis para estudos das obras de Allan Kardec. Reúne mais de duzentas aulas de Espiritismo na plataforma KARDECPlay.
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