Na mediunidade consciente, como identificar quem está falando, se algum Espírito ou se o próprio médium?

Resposta de *Cosme Massi na Live realizada em 04/05/2020, disponível no canal Cosme Massi no YouTube.

Transcrição de Rui Gomes Carneiro.

EU vou aproveitar essa pergunta para explicar melhor a terminologia que Kardec usa. Os chamados médiuns “inconscientes” e médiuns “conscientes” são o que Kardec chama de "médiuns involuntários" e "médiuns voluntários", estes também chamados "facultativos".

O médium involuntário ou inconsciente é aquele que não domina a sua mediunidade quando os Espíritos querem fazer uso dela, usando-o como instrumento mesmo contra sua vontade. Kardec diz que o médium não pode se submeter a isso. Ele tem que evoluir de médium involuntário, ou inconsciente, para médium facultativo ou voluntário.

É o médium quem decide o momento da comunicação: “Agora eu vou permitir que ela aconteça.”

Já o médium que fala ou escreve sem que tenha controle de sua voz e de sua mão, e que não saiba do que falou ou escreveu, ele é um médium mecânico. Ele não se lembra da mensagem, mas ele consentiu na comunicação, ele é voluntário, a comunicação aconteceu de acordo com sua vontade. É preciso cuidado com as palavras “consciente” e “inconsciente”, pois elas têm muitos sentidos; assim, é preferível utilizar os termos "voluntário" e "involuntário".

Agora, para os diferentes tipos de mediunidade, como psicografia, psicofonia etc., existem três tipos diferentes de médium: o médium mecânico, o semimecânico e o intuitivo. Essa é a nomenclatura que Kardec utiliza em relação ao médium.

Vamos explicar a diferença, porque a pergunta pode estar chamando um médium intuitivo de consciente.

Vamos ver na psicografia: o que é um médium mecânico? É aquele em que o Espírito comanda a mão do médium, o médium não consegue parar, não consegue impedir que sua mão escreva, e não sabe o que está escrevendo. Depois que termina é que ele vai ler o texto. Esse médium não tem o pensamento do que vai escrever e nem o controle da mão e do seu braço que escreve. Esse é o médium mecânico, com um tipo de mediunidade mais rara, que todo o mundo gostaria de ter, porque o médium mecânico não deixa dúvidas de que foi um Espírito que escreveu; sua mão se mexeu sozinha, ele não sabia o que estava sendo escrito, então ele tem certeza de que quem escreveu foi outro.

O segundo tipo, não tão raro quanto o mecânico, é o semimecânico; nesse tipo, a mão mexe sozinha, não é ele quem escreve, mas o médium sabe o que está sendo escrito. Assim, ele tem o pensamento durante a própria escrita, mas não controla a mão. Então ele fica na dúvida, porque, apesar de não controlar a mão, ele sabe o que está escrevendo.

O terceiro tipo é o intuitivo; um médium intuitivo controla sua mão e sabe o que vai escrever, as ideias vêm em sua cabeça. Então ele tem dificuldades: será que sou eu ou será que é um Espírito que está pensando? É um pensamento meu ou de outro Espírito?

Assim, o que ele deve fazer? Escrever a ideia que vier, e depois analisar o conteúdo; somente pelo conteúdo ele vai poder aferir se foi dele ou não. É um conteúdo que difere de seu pensamento, é uma ideia nova que ele nunca teve, ele discorda do conteúdo, então é muito provável que não seja dele.

O médium intuitivo é o mais inseguro quanto à própria mediunidade. Ele acha que não foi outro Espírito, ele acha que não é médium, mas o que importa é analisar o conteúdo depois. Desta forma, que ele tenha confiança em Deus, e toda vez que lhe vier uma boa ideia que sente e escreva, que aproveite o pensamento que vier, e depois leia com calma e verifique se não aprendeu com a mensagem, e se ela pode ser útil para outras pessoas.

É claro que o desejo de todo médium é ser médium mecânico, mas esses tipos diferentes de mediunidade têm a ver com o organismo, e o médium pode não ter a faculdade mecânica. Se ele tem só a intuitiva, que use só a intuitiva, para psicografia ou para psicofonia. E se ele não tem consciência do que escreveu, só pode ser mecânico, já que o semimecânico e o intuitivo são conscientes do que escrevem ou falam.

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*Observação. O texto acima foi retirado de uma exposição de viva voz. Como todo ensino oral, esta colocação pode não ser tão rigorosa com os sentidos das palavras, por efeito da proximidade entre as pessoas que conversam. É preciso, por isso, considerar que as definições dadas podem ser provisórias, e que alguns termos são usados em sentido figurado. Em todo caso, o fundo da mensagem não deixa equívocos.

Cosme Massi é Físico, Doutor e Mestre em Lógica e Filosofia da Ciência pela UNICAMP. Foi professor, pró-reitor e diretor de diversas universidades no Brasil. Ganhador do Prêmio Moinho Santista em Lógica Matemática. Escritor, palestrante e estudioso das obras e do pensamento de Allan Kardec há mais de 30 anos. Idealizador do IDEAK (Instituto de Divulgação Espírita Allan Kardec) e da KARDECPEDIA, plataforma grátis para estudos das obras de Allan Kardec. Reúne mais de duzentas aulas de Espiritismo na plataforma KARDECPlay.

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