Ser atingido por uma bala perdida é uma prova?
Resposta de *Cosme Massi na live “Provas, expiações, livre-arbítrio e fatalidade”. Centro Espírita Luz do Evangelho – USE Distrital Penha e IDEAK, em 16 de jul. de 2020.
Transcrição de Rui Gomes Carneiro.
Vai depender do contexto. Ninguém pode nascer predestinado a morrer por uma bala perdida, porque quem atira ao vento é responsável. Quem dispara uma bala é responsável. Se o atingido tivesse nascido para morrer de uma bala perdida, o atirador não seria culpado, ele estaria cumprindo um destino.
A responsabilidade da pessoa atingida pela bala também depende do contexto: imagina que ela estava passando por ali, e que a polícia e as pessoas alertaram para o perigo de continuar naquela direção porque estava havendo um tiroteio ali perto, mas ela continuou seu caminho, indiferente, e foi atingida pela bala perdida. Ela tinha que morrer? Não! Ela construiu seu momento da morte ao ser imprudente, ela não precisaria morrer naquele momento com aquela bala, mas foi teimosa, curiosa, ou por uma outra razão qualquer resolveu agir de forma imprudente.
Então depende do contexto. Só conhecendo bem as circunstâncias e o que levou a pessoa a ser imprudente possibilitaria entender melhor o que aconteceu.
Pode até ter sido uma escolha do Espírito morrer de uma forma acidental, mas então tanto poderia ser por uma bala perdida como em um acidente de carro ou outro acidente qualquer. E o acidente ocorreu naquele contexto, interrompendo sua vida, porque os bons Espíritos e Deus sabiam que aquele seria um momento adequado para acontecer.
Então a morte em acidente pode ser algo escolhido como gênero de prova, mas é preciso cuidado, cada caso é um caso: não se pode olhar só o fato, é preciso olhar todo o conjunto de situações que levou àquele fato, o contexto em que aconteceu.
A lógica divina não é uma lógica tosca ou deformada, como às vezes fazemos em nossa análise precipitada! Achamos que, se a pessoa morreu em um tiroteio, isso aconteceu porque tinha que acontecer. Se fosse assim o assassino não seria responsável, já que a vítima tinha que morrer e ele foi só um instrumento para que um destino se concretizasse.
Não é assim que se tem de raciocinar. Para se tirar alguma conclusão sobre o que está por trás da morte acidental, temos que conhecer o contexto em que aconteceu, as intenções, as imprudências, a teimosia etc.
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*Observação. O texto acima foi retirado de uma exposição de viva voz. Como todo ensino oral, esta colocação pode não ser tão rigorosa com os sentidos das palavras, por efeito da proximidade entre as pessoas que conversam. É preciso, por isso, considerar que as definições dadas podem ser provisórias, e que alguns termos são usados em sentido figurado. Em todo caso, o fundo da mensagem não deixa equívocos.
Cosme Massi é Físico, Doutor e Mestre em Lógica e Filosofia da Ciência pela UNICAMP. Foi professor, pró-reitor e diretor de diversas universidades no Brasil. Ganhador do Prêmio Moinho Santista em Lógica Matemática. Escritor, palestrante e estudioso das obras e do pensamento de Allan Kardec há mais de 30 anos. Idealizador do IDEAK (Instituto de Divulgação Espírita Allan Kardec) e da KARDECPEDIA, plataforma grátis para estudos das obras de Allan Kardec. Reúne mais de duzentas aulas de Espiritismo na plataforma KARDECPlay.
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